Citando fatos históricos de Pernambuco, o deputado estadual Romário Dias (PSD) falou sobre a Operação Torrentes, da Polícia Federal, deflagrada no último dia 9 para investigar o suposto desvio de recursos públicos. Em entrevista à Rádio Folha 96,7 FM, na última terça-feira (14), o parlamentar relembrou ao menos dois casos em que houve acusações contra políticos que, depois, provaram-se ser inverídicas.

“Comecei minha vida pública com Moura Cavalcanti e me lembro bem que em 1975, quando houve a cheia, Joaquim Francisco e Gustavo Krause, que na época eram secretários, foram acusados de desviar recursos. O que depois ficou provado que nunca ocorreu. Já como presidente da Assembleia Legislativa, no início dos anos 2000, eu coloquei para votação na Casa as contas de Miguel Arraes, com o caso dos precatórios. Nós absolvemos Dr. Arraes e, depois, o STF também absolveu”, detalhou.

Ainda de acordo com o deputado, as denúncias devem, sim, ser apuradas com rigor, porém é preciso cautela com os pré-julgamentos e as acusações antecipadas. “Vamos analisar e verificar tudo, mas a pessoa deve ter cautela. Esse negócio de procurar culpado a todo custo é muito errado”, explicou.

Mas Dias garante que o governador Paulo Câmara “não vai colocar panos mornos em nada”. “O governador quer que se apure mesmo (a denúncia) e que os culpados sejam punidos com o rigor da lei. Fui conselheiro do Tribunal de Contas e Paulo Câmara, na época, era auditor. Um auditor muito rígido na análise das contas públicas de prefeituras, do Estado e de órgãos públicos, então, ele sabe como fazer (a apuração)”.

ESPETACULARIZAÇÃO

A forma como a operação foi conduzida pela Polícia Federal, no entanto, foi criticada pelo deputado tanto durante a entrevista à Rádio Folha quanto em pronunciamento na tribuna da Assembleia Legislativa, na última segunda (13). Para Dias, a utilização de um grande efetivo, um helicóptero e a presença de policiais fortemente armados e com máscaras na frente do Palácio do Campo das Princesas foi desnecessária.

“A Polícia Federal tem todo o respeito e respaldo da sociedade e é um órgão sério que vem enfrentando com toda dureza o combate à corrupção, mas não precisava de todo o espetáculo que houve em Pernambuco. Provocando, inclusive, uma despesa desnecessária para a instituição”, disse.

Ainda segundo Dias, “o espetáculo que foi feito denegriu a imagem do pernambucano”. “Essa espetacularização não atingiu o governador, mas todos os pernambucanos. Ficamos todos abismados com a forma como a operação foi conduzida, parecia que íamos entrar numa guerra”, concluiu.