Nos bastidores da política de Pernambuco, especula-se que Raquel Lyra (PSDB) deve traçar estratégias para retomar o apoio da ala mais forte da família Coelho, liderada atualmente por Miguel Coelho (UB), ex-prefeito de Petrolina (PE) e forte concorrente ao Senado. Miguel foi um dos principais responsáveis pelos mais de 80 mil votos obtidos pela tucana em Petrolina no segundo turno. No entanto, o que sobrou para Miguel e seu grupo foi o abandono da governadora, que sequer ofereceu espaço ou protagonismo político ao clã liderado por ele. Miguel segue sem mandato ou cargo político, mas poderia facilmente compor qualquer secretaria estadual estratégica, visando fortalecer a sucessão de Raquel e pavimentar sua candidatura ao Senado Federal.

Diferentemente de Eduardo Campos, que enxergava alianças capazes de agregar forças para seu projeto político, Raquel parece não ter compreendido a importância dessa estratégia. Eduardo, por exemplo, delegou responsabilidades ao então ex-prefeito de Petrolina Fernando Bezerra, que entregou a prefeitura de Petrolina para Odacy Amorim, consolidando sua base política no Sertão. Já Raquel, por sua vez, parece ter pensado que escolhas técnicas em seu secretariado bastariam para governar Pernambuco, esquecendo que o estado possui cenários e conjunturas políticas distintas, construídas por diferentes grupos e lideranças locais.

A governadora, ao privilegiar técnicos em detrimento de forças políticas como Miguel Coelho, pode ter provocado sua própria debandada do Palácio. Sua estratégia de deixar lideranças políticas de lado é comparável a trocar uma moeda valorizada por uma defasada. Miguel, no cenário político atual, seria como o dólar em relação ao real: uma força que triplica vantagens e agrega poder político ao grupo que o acolhe.

Raquel terá dois anos para correr atrás do prejuízo. Enquanto isso, João Campos já deu seu xeque-mate ao costurar alianças estratégicas. O jovem prefeito do Recife demonstrou habilidade política ao atrair lideranças importantes, incluindo os Coelho, ao oferecer a Secretaria de Cultura da capital a Antônio Coelho. Essa jogada reforça a possibilidade de uma chapa governista forte com João Campos ao governo e Miguel ao Senado, consolidando forças em todas as regiões do estado.

Agora, Raquel tenta apagar o incêndio causado por suas escolhas e diminuir os prejuízos, provavelmente sonhando com Miguel em seu palanque em 2026. No entanto, a grande questão é: Miguel se deixaria envolver por essa estratégia, ou preferiria fortalecer sua base ao lado de João Campos, repetindo o caminho trilhado por seu pai rumo ao Senado?