Brasil é o país com mais pessoas ansiosas no mundo, mas a maioria não busca ajuda profissional. Setembro Amarelo alerta para cuidados com a saúde mental
Na busca por uma vida mais leve, tranquila e sem ansiedade, alguns hábitos corriqueiros podem ser prejudiciais. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país que mais tem pessoas ansiosas no mundo, com 9,3% da população brasileira convivendo com a ansiedade. Já o levantamento “Panorama da Saúde Mental”, realizado pelo Instituto Cactus e a empresa de coleta de dados e pesquisas AtlasIntel, aponta que 68% dos brasileiros adultos entrevistados se sentem nervosos, ansiosos ou muito tensos. Apesar do número alarmante, o estudo indica ainda que a maioria (55,8%) das pessoas não procura ajuda para lidar com questões que envolvem transtornos de ansiedade.
O Setembro Amarelo, mês dedicado à prevenção do suicídio e ao incentivo de cuidados com a saúde mental, é uma data que reforça a importância deste olhar atento para assuntos de saúde da mente. Para Camila Araújo, profissional da área de Psicologia do AmorSaúde, rede de clínicas parceiras do Cartão de TODOS, o processo psicoterapêutico é importante para o autoconhecimento do paciente. “Com a orientação e o auxílio psicológico é possível gerenciar as crises de ansiedade, além de identificar onde esse padrão disfuncional foi estabelecido para pensar em possibilidades de melhoria, criando novos hábitos para que o indivíduo consiga diminuir o sofrimento”, afirma Araújo.
Alguns hábitos do dia a dia, vistos como comuns e até inofensivos, podem ser gatilhos para despertar a ansiedade, entre eles, Araújo cita:
- Não ter rotina
- Se comparar
- Sofrer por antecedência
- Pensamentos acelerados sobre o futuro
- Ter dificuldade para tomar decisões
- Não praticar nenhuma atividade física
- Não ter qualidade de sono
- Não ter uma alimentação saudável
- Uso excessivo de telas
- Não expressar seus sentimentos
Segundo a profissional, os sintomas mais evidentes de ansiedade são inquietação, fatigabilidade, dificuldade de se concentrar, sensação de “branco” na mente, irritabilidade, tensão muscular, perturbação do sono, excesso de medo e preocupação e apetite desregulado. “Outros sinais que podem passar despercebidos são falta de ar, dores no peito, dor no estômago, náusea, diarreia, sudorese, tremores e boca seca”, alerta.
Araújo ressalta que a ansiedade se manifesta de forma diferente para cada indivíduo, por isso a importância do acompanhamento psicológico. Entre os 10 hábitos mencionados por Araújo, ela destaca quatro destes, que podem até não ser facilmente percebidos como influentes na saúde mental e ansiedade, mas que merecem atenção:
- O uso excessivo de telas pode impactar a saúde mental, pois “ativa o sistema de recompensa, estrutura do cérebro que recebe toda atividade prazerosa, e o estímulo constante dessa atividade gera dependência, aumentando o estresse, a comparação, pensamentos acelerados e a ansiedade”, afirma.
- De acordo com a profissional, a falta de sono de qualidade gera dificuldade de prestar atenção e de memorizar, além de distúrbios de humor e ansiedade.
- Não se alimentar bem pode causar a deficiência de vitaminas, fazendo com que o indivíduo apresente fadiga, desânimo, oscilação de humor, entre outros. “Exagerar na cafeína e bebidas alcoólicas também gera muito prejuízo, causando sintomas como nervosismo, agitação, insônia e aumento da frequência cardíaca”, destaca.
- Araújo alerta que não possuir uma rotina pode causar preocupações excessivas, oscilações de humor, estresse, procrastinação e ansiedade. “Quando temos horários e tarefas definidas, há menos espaço para imprevistos e surpresas desagradáveis, o que ajuda a diminuir a ansiedade associada à incerteza sobre o que o futuro nos reserva”.
A profissional alerta que “é importante reconhecer e entender como a ansiedade pode surgir para conseguir identificar e gerenciar seus comportamentos, pensamentos e o ambiente em que se está inserido, evitando despertar gatilhos”. Entre as ações para incluir na rotina em busca de mais equilíbrio, Araújo compartilha que praticar atividade física, se alimentar de forma saudável, ter um sono de qualidade e buscar acompanhamento psicológico são medidas que fazem muita diferença e podem ajudar.