Em depoimento dado à Polícia Federal em julho deste ano, o ex-ministroGeddel Veira Lima (PMDB) afirmou que foi indicado em 2011 para o cargo de vice-presidente de Pessoa Jurídica da Caixa pelo então vice-presidente Michel Temer (PMDB).

Geddel disse que assumiu o cargo por indicação da presidência do PMDB, que na época era exercida pelo hoje presidente da República.

Ele negou qualquer participação dos então deputados federais peemedebistas Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves na indicação.

O depoimento foi concedido em 20 de julho, uma semana depois de o ex-ministro ter sido autorizado pelo Tribunal Regional Federal a deixar a Penitenciária da Papuda para cumprir prisão domiciliar.

Geddel havia sido preso no dia 3 de julho pela PF no âmbito da Operação Cui Bono?, que investiga suposto esquema de corrupção na Caixa nos anos de 2011 a 2013 –anos em que ocupou o cargo no banco.

No depoimento, ele negou ter cometido irregularidades e disse que não recebeu “nenhuma vantagem indevida” por sua atuação no cargo, tendo recebido apenas seu salário no período.

Também negou que tenha passado informações privilegiadas para interlocutores como Cunha e que as informações “eventualmente demandadas” pelo deputado “não alteravam o curso natural das operações de crédito”.

“UM ABRAÇO”

Geddel confirmou que se encontrou com Lúcio Funaro no hangar da empresa Aero Star, em Salvador.

Afirmou ter recebido ligação do doleiro, que teria dito que o seu avião estava fazendo uma parada técnica e que queria dar um abraço no então vice-presidente da Caixa.

O ex-ministro saiu de sua casa na praia em Camaçari e foi até o aeroporto de Salvador para “dar um abraço” no doleiro, um trajeto de 23 km feito em cerca de 35 minutos.

Geddel diz que os dois conversaram sobre “amenidades”. Em sua delação, Funaro dá outra versão: afirma que o hangar era usado para fazer repasses de dinheiro de propina ao peemedebista.

O ex-ministro afirmou que, naquela ocasião, conheceu Raquel Pitta, mulher de Funaro. Em depoimento à PF, Raquel afirmou que foi pressionada com ligações de Geddel, que a sondava sobre a possibilidade de o doleiro firmar delação premiada. O peemedebista nega pressão.

Afirmou ainda que encontrou Funaro outras vezes em São Paulo, Brasília e Salvador “circunstancialmente”.

Geddel foi questionado ainda sobre a suspeita de que teria enviado seu assessor Gustavo Ferraz para se encontra em São Paulo com Altair Alves Pinto, assessor de Eduardo Cunha, para buscar remessas de dinheiro.

O peemedebista afirmou que não tinha “nenhuma recordação” de ter enviado um interlocutor de nome “Gustavo” para encontrar Altair. Preso em setembro após a descoberta de umbunker num apartamento em Salvador com R$ 51 milhões, Gustavo, um dos auxiliares mais próximos de Geddel, disse à polícia que foi a São Paulo buscar dinheiro para o chefe.

Folha de S.Paulo – João Pedro Pitombo e Camila Mattoso