Por Henrique Brinco

O deputado estadual baiano Zó garante que continua firme na pré-candidatura a prefeito de Juazeiro com o apoio do PCdoB.  “Continuo candidato, indo forte, com tudo resolvido internamente no partido”, declarou, em entrevista à Tribuna. No entanto, ele destacou a dependência das decisões da federação partidária formada por PT-PCdoB-PV, ressaltando que a definição ainda está pendente. Sobre a possibilidade de união entre os partidos aliados em torno de uma candidatura comum, ele expressou cautela, destacando a necessidade de um formato de colaboração que vá além das palavras. Ao abordar a atual gestão municipal, Zó não poupou críticas, evidenciando problemas graves na saúde, educação e infraestrutura. No âmbito estadual, Zó reconheceu os avanços proporcionados pela gestão de Jerônimo Rodrigues, especialmente em termos de infraestrutura e saúde. Ainda na entrevista, ele faz um balanço do governo Lula e avalia o bolsonarismo na Bahia.

Tribuna – O senhor de fato vai ser candidato à Prefeitura de Juazeiro e como é que está o diálogo com os seus aliados e com os correligionários a respeito disso?

Zó – Continuo candidato. Continuo candidato, indo forte, com tudo resolvido internamente no partido, mas a gente depende da federação, né? Não é só do PCdoB.

Tribuna – E qual a previsão para que haja essa decisão e quais são os critérios que vocês vão utilizar para poder definir quem vai ser o candidato à federação?

Zó –   Não tem critério não, acho que eles podem utilizar pesquisa ou qualquer outra coisa, mas não ainda definiram esse critério não. Passei dezembro e até agora, seis meses depois e não tem nada feito não.

Tribuna – E tem alguma previsão, para poder haver essa definição?

 –   Não.

Tribuna – Juazeiro é o quinto maior colégio eleitoral da Bahia. Qual a importância do município, na sua opinião, para o crescimento desses partidos da federação nas eleições? O senhor acha que é um município que tem muita importância para o crescimento desses partidos?

 –   A federação em alguns lugares ajuda e em outros lugares dificulta. É muito relativo. Tem lugar que fica fácil de lidar. Mas em alguns, como o caso de Juazeiro, tem dificuldade.

Tribuna – O senhor acredita que qualquer um dos partidos que tenha candidato em Juazeiro, os partidos da federação, PCdoB, PT ou PV, acha que os outros que compõem a federação vão se unir em torno dessa candidatura tranquilamente e fortalecer a chapa?

Zó – Não sei, depende muito de quem seja o candidato. Todo mundo diz que vai, né? Mas… Da boca [para fora] todo mundo fala. Vejo todo mundo falar que fecha, mas depende do formato que será construído. Tá sendo muito cada um por si, né?

Tribuna – E qual a sua avaliação da atual gestão de Juazeiro?

 – Muito ruim, a gestão tá muito ruim. Aqui falta saúde, que é o principal, né? Um problema muito grave aqui nas unidades de saúde aqui do município. Tanto de UBS como em outras coisas também, entendeu? Em outras situações também. Falta material de limpeza, falta de medicamento, falta de lençol em hospital. Maternidade faltando material, transporte escolar em atraso, merenda escolar faltando. Enfim, é muito difícil a situação aqui.

Tribuna – E a questão da educação, como é que o senhor avalia no município? Como é que está a gestão da educação?

Zó – A educação tem muito atraso em termos de estrutura escolar, em termos de falta de transporte escolar. Para você ter uma ideia, esse ano já teve, por falta de transporte escolar, já teve aula remota, entendeu? Chegaram a ter aula remota no ano passado e agora mandando matéria para as crianças em casa porque não tem transporte escolar. Em infraestrutura é uma coisa absurda. Tem buraco na rua, falta d’água, limpeza pública é uma coisa horrível. Horrível, horrível, horrível. A prefeita [Suzana Ramos] é muito mal avaliada pra gente aqui. Ela chega a passar dos 70% de rejeição em alguns testes. Então a infraestrutura urbana também está deixando a desejar.

Tribuna – Quais são os pontos positivos e negativos da gestão do governador Jerônimo Rodrigues?

Zó – O governador continua na pegada, no ritmo de muita obra, principalmente no interior. Ele recebe muita atenção do governo, muita presença nos municípios. A própria relação aberta com o governador. Se trata de muita demanda também, acaba sendo atendido uma parte dessas demandas. Em termos de estrada, em termos de escola, delegacias, equipamentos de segurança, de saúde, entendeu? Tem tido um avanço muito grande nisso. Agora, mesmo aqui eles estão terminando um hospital aqui que vai dar uma ajuda muito grande na área de neonatal e pediatria.

Tribuna – Então, o governo tem ajudado Juazeiro?

Zó – Tem, tem. Aqui o governo tem investido muito em saúde, em escola, em educação, em estradas. Foi feito equipamento do ginásio de esportes, reforma do ginásio de esportes, reforma do batalhão de polícia, foi feita estrada, foi feito abastecimento de água. Muita coisa aqui, muita coisa feita pelo governador aqui em Juazeiro e região.

Tribuna – E a questão da segurança? O senhor acha que precisa de mais investimento? Ou o senhor acha que o governo está dando conta das necessidades nessa área?

Zó – Olha, a questão da segurança é uma situação que o governador tem investido. Nós entregamos bastante equipamentos de segurança pública, desde viaturas, prédios, armamentos… Isso foi feito. Tanto na Polícia Militar, como na Civil e Corpo de Bombeiros. Agora, infelizmente ainda temos que lidar com essa questão do tráfico que acaba aumentando o número de mortos nas cidades. Esse é o maior problema. Mas foram feitos muitos investimentos.

Tribuna – Ainda existe uma área no governo, na sua opinião, em que o governador precisa focar mais?

Zó – Acho que os setores de segurança e saúde precisam continuar nesse mesmo ritmo de investimento. E se puder aumentar um pouco, para a gente poder atender.

Tribuna – Uma das questões que os deputados frequentemente falam é a questão das emendas. O governador tem dialogado com vocês sobre isso?

  Temos reuniões marcadas com a Serin e com o Gabinete do Governador sobre a liberação de emendas. Esse ano a gente já ficou com um volume maior, foram R$ 100 milhões em emendas. Apesar de que metade dessa vai para a saúde. Então, as nossas emendas em relação aos outros estados, ela ainda é de um valor baixo. Se for comparado com o federal, aí é que é muito mais baixo ainda, entendeu?

Tribuna – O governo Lula tem tido áreas muito bem avaliadas, mas tem alguns problemas em outras. Como é que o senhor avalia de modo geral a gestão de Lula até esse momento?

Zó – Acho que Lula está se superando mais uma vez. Porque não tem sido fácil. Nós vivemos um ambiente a nível nacional de polarização. Se aqui no Nordeste o Lula tem predominância, em outros estados do Sul, principalmente, é o inverso. O Lula é minoritário. Então, o que acontece? Se você avaliar no geral, é uma superação, porque nós temos um Congresso que não tem maioria. Nós temos um Brasil até certo ponto ainda polarizado, apesar de que ele está diminuindo. Mas se você analisar a questão principal, que são questões que movem o mundo, que é a questão econômica, o Lula está dando um show. Em relação ao controle da inflação, em relação ao aumento do PIB, em relação à distribuição de renda, em relação a programas importantes que foram retomados e outros programas que foram começados, como o PAC-3. Todas as cidades, praticamente, desse país, ou todas as regiões, a gente pode se dizer, que receberam investimento do PAC. Então, houve aumento de recursos em todas as áreas, inclusive no agronegócio, na questão do investimento na indústria… Todos eles estão investindo e estão vendo o resultado que é o crescimento econômico. Então a gente acredita muito que a cada ano que passar o Lula vai conseguir botar o Brasil cada dia numa situação melhor. Porque tem já a terceira gestão de Lula e ele já mostrou o que sabe fazer.

Tribuna – Por outro lado, os empresários agora estão criticando essa questão da reoneração da folha de pagamento. O que o senhor acha dessa medida?

Zó – Olha, eu tenho dois aspectos que eu acho que têm que ser avaliados. Primeiro, dos municípios, principalmente os municípios de pequeno porte, entendeu? Essa questão do INSS para os municípios precisa ser discutida. Com relação à reoneração da folha, foi uma coisa feita na pandemia a desoneração. Porque diversos setores da economia tiveram dificuldades. Mas, por exemplo, o Brasil precisa saber e ter noção de onde vem cada coisa. Você não acredita que a reoneração da folha vai gerar o desemprego que eles estão falando. O Brasil pagou um preço alto na retirada dos impostos do combustível. Então o país tem que ter sua fonte de arrecadação.

Tribuna – O senhor acha que o bolsonarismo vai ter peso nas eleições municipais na Bahia?

Zó – Na Bahia acho pouco provável. O bolsonarismo e o Bolsonaro teve 30% na Bahia. Mas isso não significa que todo mundo que votou é bolsonarista. Na Assembleia, tem dois deputados apenas bolsonaristas. Tem gente de direita, mas acho que na Bahia não tem esse peso. Não acredito que o bolsonarismo tenha força para ter resultados grandes.

Fonte: Tribuna da Bahia