Decidir qual curso de graduação fazer, e consequentemente qual carreira profissional seguir, é um processo muitas vezes penoso para os estudantes. Especialmente para aqueles que estão concluindo o ensino médio e não têm muita clareza de quais são suas aspirações, uma escolha dessa magnitude pode até mesmo causar mal-estar. Contudo, para o especialista em tomada de decisão Uranio Bonoldi, os jovens não devem se privar de escolher um curso, ainda que não tenham 100% de certeza de qual caminho seguir. Para o escritor, o importante é se dispor a viver experiências que dêem base para decisões mais maduras no futuro.
“Certamente existem muitas formas de se escolher um curso de forma assertiva, atendendo a um anseio interno que realmente traga sentido à sua carreira profissional. Porém, a vida não é uma ciência exata, é totalmente possível que você escolha a profissão dos sonhos e mesmo assim se arrependa”, diz o escritor. Segundo Bonoldi, um dos processos mais importantes para se aprender a tomar decisões é a vida na prática. “É indispensável refletir e cuidar para que as escolhas sejam feitas de forma racional, mas não tenha medo de assumir riscos. Ainda que queiramos errar o mínimo possível, temos que reconhecer o quanto crescemos quando nos deparamos com imprevistos”, opina.
Bonoldi é autor de “Decisões de alto impacto: como decidir com mais consciência e segurança na carreira e nos negócios”, trazendo um método próprio que auxilia profissionais em momentos complexos. Ele pondera que há diferentes caminhos que podem dar aos jovens um norte de qual carreira escolher, sendo o primeiro deles o autoconhecimento. “Testes vocacionais, pesquisas, entre outros meios podem ajudar, mas é fundamental que o estudante conheça mais a si mesmo para fazer uma escolha mais precisa. O que gosta de fazer? O que não gosta? Quais sonhos tem? O que faria mesmo se fosse por hobby? E a partir daí ir buscando possibilidades que se adequem aos seus desejos, aspirações e condições”, aponta. Outra dica é tentar se imaginar, intuir estar na profissão desejada e procurar dissecá-la em todos seus aspectos. “Avalie pontos positivos e negativos da profissão, como se estivesse exercendo-a”, orienta.
Contudo, mesmo que a reflexão não aponte um caminho totalmente seguro, isso não deve impedir o jovem de experimentar. “Não precisamos mais nos prender àquela ideia de que você só pode ter uma única carreira a vida toda. Hoje em dia, as coisas são mais maleáveis, e você pode usar isso a seu favor”, diz. Portanto, Bonoldi aconselha: arrisque-se, experimente, veja o quanto você se encaixa no curso escolhido, e leve toda experiência como aprendizado. “Você sabia que Steve Jobs fez um curso de caligrafia que o ajudou no desenvolvimento do design e funcionalidade simples do primeiro iPhone? Os melhores profissionais são aqueles que sabem ver o lado positivo até mesmo de situações adversas ou que não conferem muito sentido à primeira vista”, afirma o escritor.
Ainda que possa ser difícil mudar de curso ou até mesmo de carreira, Uranio Bonoldi acredita que os jovens não devem se deixar levar pela pressão ao ingressar na universidade. “Autoconhecimento é importante para nossas escolhas, e experiência de vida é, muitas vezes, base para o autoconhecimento, gerando um círculo virtuoso de aprendizado e ganho de sabedoria. E não é de se surpreender que isso falte aos mais jovens. Portanto, o que podemos fazer por eles é auxiliar nas reflexões, que são de fato importantes, mas abrir espaço para que escolham, errando e acertando, experimentando e aproveitando as oportunidades, e assim aprendam, se desenvolvam e evoluam na vida”, finaliza.
Sobre o autor:
Uranio Bonoldi é palestrante e especialista em negócios e tomada de decisão, e professor do Executive MBA da Fundação Dom Cabral, onde leciona sobre “Poder e Tomada de Decisão”. Educado pelo método Waldorf, sua graduação e em seguida a pós-graduação em administração de empresas foi feita na FGV-SP. Atuou em grandes empresas como diretor e CEO.