Como diriam na Bahia, é dinheiro pra Geddel. R$ 51 milhões equivalem a 102 Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR) – agora rebaixado a “deputado da nécessaire”, pela comparação de sua humilde valise de R$ 500 mil com as malas e caixas milionárias apreendidas pela Polícia Federal num apartamento em Salvador. A grana que, de tão volumosa, levou um dia para ser contada pertence ao primeiro ministro a ocupar a Secretaria de Governo de Temer, o ex-deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), diz a PF.
Geddel e Loures foram contemporâneos no Palácio do Planalto, mas com status distintos. O ex-ministro cultiva laços com Temer há mais de 20 anos, desde quando lideravam a bancada do PMDB na Câmara. Já Loures começou a secretariar Temer quando este era vice decorativo. Ressalvado que correlação não implica causalidade, a diferença na ordem de grandeza das apreensões é proporcional à longevidade das relações de cada um com o chefe.
E que grandeza: R$ 42.643.500,00 + US$ 2.688.000,00. Para se ter ideia do que é preciso para amealhar tantas notas quantas a polícia achou no “bunker do Geddel”, o PCC precisa explodir 116 caixas eletrônicos para chegar nesse montante – e apenas se todas as máquinas retiverem o máximo de R$ 440 mil que podem armazenar. Como se vê, roubar banco parece ser mais trabalhoso.
Como é possível arrumar tanto dinheiro vivo? Se não é fácil, é corriqueiro. Só nos primeiros sete meses deste ano, o Coaf foi comunicado pelos bancos sobre 638 mil movimentações em espécie superiores a R$ 100 mil. Dá mais de 3 mil transações dessa monta por dia – somando mais de R$ 100 bilhões por ano. Quem fiscaliza tudo isso? Exato.
O Estado de S. Paulo – Jose Roberto de Toledo