As últimas chuvas que caíram em Petrolina, desde o último sábado (25), além de superar a média de todo o mês de dezembro com precipitações de até 300 mm em algumas localidades do interior do município, a exemplo do Núcleo 5 do projeto de irrigação Senador Nilo Coelho, já causaram prejuízos da ordem de R$ 45 milhões aos produtores de uva e manga com a perda de mais de 15 mil toneladas das frutas.

O excesso de água, que em muitas fazendas faz apodrecer as uvas nos parreiras com o aumento de doenças a exemplo do míldio e outras bactérias, vem tirando o sono dos produtores que estão realizando tratos culturais nas fases de poda, colheita e com a fruta florando. Com as primeiras chuvas de dezembro, no último dia 9, e a continuidade das precipitações nessa segunda-feira (27), a categoria já contabilizou uma perda de 5 mil toneladas da fruta e teme um comprometimento da safra 2022, principalmente se confirmar o aviso meteorológico da Agência Pernambucana de Águas de Climas (Apac), com a possibilidade de mais precipitações nos próximos dias. “Caso chova mais, além das perdas pelo excesso de abortamento teremos muitas áreas com a polinização comprometida e uma redução da produção de até 100 %”, alerta o produtor e consultor de uva, Jackson Souza Lopes.

Além do segmento de produção de uva, que ocupa hoje uma área de 12 mil hectares no Vale do São Francisco, os produtores de manga também reclamam dos prejuízos atuais e futuros. De acordo com o gerente executivo do Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina (SPR), Flávio Diniz, a categoria ainda não fez um balanço total, mas já contabiliza um prejuízo estimado em R$ 20 milhões com a perda de 10 mil toneladas de mangas perdidas em função da enxurrada.

Segundo o produtor de manga, Josival Amorim, as precipitações alteram a fase fenológica da fruta comprometendo o desenvolvimento vegetativo e a floração. “Com certeza a safra do ano que vem já está comprometida diminuindo significativamente os índices de produtividade dos pomares em nossa região”, ressaltou.

Ainda segundo Flávio Diniz, o SPR criou um grupo técnico para acompanhamento das chuvas e vem monitorando os tratos culturais visando minimizar as perdas. “Além desses prejuízos os produtores têm também a lamentar o aumento dos custos de produção, de implementos agrícolas e de embalagens da fruta que são puxados para cima pelo alto valor da cotação da moeda americana”, pontuou.

O gerente executivo acrescentou ainda que o Sindicato dos Produtores Rurais de Petrolina vem atuando junto à categoria no planejamento da safra vindoura para evitar o comprometimento da produtividade e das demandas das frutas no mercado interno e externo.