O segundo turno da disputa pela Prefeitura do Recife, protagonizado entre Marília Arraes (PT-PE) e João Campos (PSB-PE), motivou pronunciamento da deputada Teresa Leitão (PT), na Reunião Plenária da última quinta (10). A parlamentar defendeu que o partido vencedor do pleito faça uma análise das insatisfações dos eleitores que optaram pela candidata petista, bem como uma autoavaliação sobre a postura adotada na campanha.

“Comete um grande erro quem acha que fazer acusações falsas e injustas contra o PT prejudica somente o partido. A ação é um desserviço ao campo progressista e à política”, afirmou Teresa, referindo-se à estratégia adotada pela campanha pessebista de explorar acusações de corrupção contra políticos petistas pela Operação Lava Jato.

A deputada desejou a João Campos uma boa gestão, mas criticou o que chamou de “pueril extravagância acusatória” do futuro prefeito. “Espero que os arroubos do pessebista, que pensa que a dor é patrimônio dele, possam ser amadurecidos. E que o susto que a legenda teve, com pesquisas que chegaram a indicar a vitória de Marília, ajudem na autocrítica e sirvam para o bem do povo do Recife”, afirmou.

Ela elogiou, no entanto, as lideranças do PSB que não seguiram essa postura. “Os deputados do partido foram muito parcimoniosos. Tenho certeza de que alguns se sentiram ofendidos com o nível da campanha”. Na avaliação da petista, a eleição de Campos foi uma “vitória de Pirro”.

Teresa Leitão respondeu, ainda, ao compromisso feito pelo prefeito eleito de não aceitar nenhuma indicação política do PT nos quatro anos de sua administração: “Nosso partido fará oposição à gestão na Câmara de Vereadores e espero que haja um reposicionamento aqui na Alepe também”.

“Caso João Campos queira convidar alguém do PT, que ofereça não apenas o cargo, mas também uma ficha de filiação ao PSB, nos poupando de alguns processos internos”, provocou.

Líder oposicionista na Casa, o deputado Antonio Coelho (DEM) afirmou, em aparte, que “talvez o PT esteja prestes a entrar em um novo tempo”. “O bloco da Oposição respeita o tempo necessário à legenda para fazer essas avaliações”, disse. Teresa ponderou dificuldades na migração da bancada “por conta das conexões nacionais”, mas indicou que o tema ainda será deliberado pelo diretório estadual.

Também apartearam os deputados João Paulo (PCdoB) e José Queiroz (PDT). “Acho importante a unidade para enfrentarmos o projeto de Bolsonaro. No entanto, o método usado no Recife extrapolou e isso, muitas vezes, deixa sequelas significativas”, avaliou o comunista.

“Ou forças progressistas compreendem seu verdadeiro papel para enfrentar um projeto de destruição nacional, ou vamos numa caminhada dolorosa, permitindo que a direita continue administrando o Brasil”, complementou o pedetista.

Blog da Folha