Thaís Oyama

Colunista do UOL

Jair Bolsonaro já acreditou que o nióbio fosse salvar o Brasil e que uma tecnologia americana iria “resolver o problema de luz de Roraima” fazendo a transmissão de energia elétrica sem usar nenhum meio físico.

Mas o delírio do presidente foi mais longe desta vez. Falando sobre os 100 mil brasileiros que morreram por causa do coronavírus, ele afirmou que, “caso tivessem sido tratadas [com a hidroxicloroquina] lá atrás” essas vidas poderiam ter sido preservadas.

Dada a inexistência de qualquer resquício de fundamento científico na afirmação do presidente, é o caso de se perguntar se Bolsonaro é apenas irresponsável ou maluco também.

Insensível certamente é um adjetivo que se pode cravar nele.

Não ocorreu ao presidente que a sua fala – combinada com a autoridade que lhe confere o cargo —pode levar milhares de famílias que perderam parentes para a Covid-19 a remoer uma dúvida cruel, a de que seus entes queridos poderiam estar vivos se tivessem engolido um simples comprimido.

Uma das características de um líder populista é sempre dispor de uma solução simples – e equivocada—para um problema complexo.

Ao dizer que bastavam os mortos terem tomado cloroquina para não morrerem, o ex-capitão elevou essa máxima a patamares nunca vistos.

Bolsonaro padece de irresponsabilidade e talvez seja também maluco.

Mas, sobretudo, desconhece o que é limite.