A pandemia trouxe à tona o ensino remoto e afetou toda a rede formada por alunos, pais e professores como a conhecemos. Ao mesmo tempo, é preciso que as famílias estejam preparadas para evitar que seus filhos caiam nas armadilhas da internet. Por isso, neurocientista orienta as famílias para estas novas relações que vieram para ficar.
Os tempos que vivemos despertaram a sociedade para uma mudança profunda nas relações pessoais: saem as atividades em espaços públicos, e entram as reuniões virtuais. E isso afeta tanto os pais, que passaram a adotar o regime de home office, quanto os filhos, que passam a ter atividades escolares de forma remota.
Diante de tal cenário, é preciso lembrar o essencial: o ensino à distância é uma realidade a que todos, principalmente o governo, terá que se adaptar. Esta é a visão do neurocientista, psicanalista e psicopedagogo, Fabiano de Abreu, que destaca: “Em tempos de pandemia e quarentena, vimos a necessidade repentina da inclusão educacional online. E foi então que percebemos que não estávamos tão adiantados como pensávamos. As plataformas não estavam preparadas para uma mudança sem planejamento como uma chave de liga e desliga acionada com uma alavanca.”
E esta mudança repentina, explica Fabiano, afetou toda a rede formada por alunos, pais, professores e educadores: “Essa mudança afetou uma rotina em que, muitos dos pais apenas se preocupavam em levar as crianças para escola e depositar a confiança na instituição para todo o resto. Com o fechamento das escolas, o ensino online tornou-se uma realidade em que, não só a escola teve que se preparar de forma rápida e eficiente, como também houve uma necessidade de atenção dos pais para com os seus filhos.”
Em contrapartida, o neurocientista enfatiza que “o governo tem que pensar em estratégias para disponibilizar internet e computadores para todos e criar plataformas de ensino viáveis. Além disso é necessário formar os professores para esta realidade”. Ele pondera ainda que “temos que pensar a longo prazo no caso de existirem outras pandemias. A Covid-19 deve servir como uma preparação para o futuro”.
Supervisão constante
Mas não basta os pais deixarem os filhos aos cuidados do meio virtual. Se por um lado os dispositivos móveis e o computador se tornam essenciais para o aprendizado ou distração nos momentos de folga, é preciso atenção aos limites do uso: “Não devemos esquecer que o exagero nunca fez bem a ninguém e que estas ferramentas não substituem os pais nem são tempo de qualidade se forem usados recorrentemente”, enfatiza o neurocientista.
Outra grande ameaça são as redes sociais e principalmente as aplicações de chat. Fabiano de Abreu orienta que “se o filho é menor e não tem idade suficiente para distinguir o que é verdadeiro daquilo que pode ser uma farsa os pais têm a obrigação de controlar essas atividades. Messenger, Facebook, Twitter, Instagram, WhatsApp, entre outros, podem ser veículos de acesso rápido aos nossos filhos por parte de estranhos”, completa.
Fabiano lembra também que “os pais e educadores devem ainda conversar sobre os perigos reais do mundo virtual e ensinar regras básicas como nunca partilhar conteúdo pessoal como fotos ou dados pessoais. As crianças devem ter, desde logo, a consciência de que aquilo que está do outro lado pode ser bem diferente daquilo que nos é apresentado”.
É fundamental também que tal supervisão seja feita aos jovens: “Na fase da adolescencia, têm de ser criadas estratégias para que eles não sintam que a sua privacidade não está sendo respeitada. Nestes casos, o limite na utilização a nível de tempo e colocar o computador numa área comum da casa podem ser dois desses caminhos”, finaliza Fabiano de Abreu.
Fabiano de Abreu
Neurocientista, neuropsicólogo, psicanalista, nutricionista clínico e psicopedagogo