Por Carlos Brickmann

Duas ondas seguidas de indignação: primeiro, com o papa Francisco, por ter recebido em audiência o ex-presidente Lula; segundo, com a prefeita de Paris, por ter outorgado a Lula o título de Cidadão Honorário. Certo, Lula foi condenado pela Justiça brasileira. E daí? O papa é monarca do Estado do Vaticano, tem todo o direito de receber quem quiser. E, sendo também um líder espiritual, tem a tarefa de oferecer consolo aos aflitos. Não é questão de merecimento: é missão de vida. Daí a achar que o papa é comunista, como vimos em tantos protestos, vai uma certa distância.

A Igreja é mais antiga que Marx, sobreviveu ao comunismo e tem, ao lado do papa, um sólido grupo de assessores católicos altamente preparados. Quanto à prefeita de Paris, é socialista. Não ofendeu o Brasil: festejou o correligionário. Algo que o PT fez com Césare Battisti: deu-lhe proteção, sem intenção de ofender a Itália.