Por Marcos Paim
Os avanços científicos e tecnológicos sempre geraram perturbações e inquietações no ser humano. Até que nos acostumemos com as novidades, o nível de insegurança e ansiedade sempre é muito alto. Foi assim com os aviões, computadores e está sendo assim com as futuras viagens espaciais e a inteligência artificial, amplamente divulgada em anúncios em todas as mídias.
Talvez a principal preocupação das pessoas com a inteligência artificial seja a questão envolvendo os empregos ou o trabalho, dependendo do regime de contratação. Existem dados animadores, como os do Fórum Econômico Mundial, cuja perspectiva é que, em 2022, por volta de 75 milhões de postos de trabalho sejam impactados, mas que outros 133 milhões serão criados. Segundo estudo da Consultoria Gartner, um saldo positivo de dois milhões de novos empregos será oriundo da Inteligência Artificial.
Porém, outros dados não são tão animadores. A consultoria Oxford Economics, prevê que em 2030, até 20 milhões de trabalhadores poderão ser substituídos por robôs. O McKinsey Global Institute, por sua vez, afirma que entre 40 milhões e 160 milhões de pessoas que realizam trabalhos em escritórios terão de ser realocadas para atividades que demandam mais habilidades em razão da substituição das suas atividades pela Inteligência Artificial.
Independente do cenário, copo meio cheio ou meio vazio, a Inteligência Artificial já está batendo na porta. Se terá ou não todo o impacto previsto, o futuro mostrará, mas os sinais são de que serão impactos fortes.
Diante de tanta incerteza, inclusive sobre profissões que podem desaparecer, o que estaria ao alcance das escolas, em especial as públicas? Importante mencionar que, de acordo com o IBGE, quase 75% dos estudantes do Ensino Básico estudam nas redes públicas. Seria prudente o Brasil preparar seus jovens estudantes, desde a entrada na escola, e em todos os níveis, em especial na educação básica, para esta nova Era. Crianças e adolescentes aprendem rápido, mas na prática a escola muda pouquíssimo. Para a maior parte de nós, parece a mesma para netos, pais e avós.
O segredo poderia estar no que as previsões chamam de “habilidades de ordem mais alta”. Uma vez a dificuldade de saber quais serão os conhecimentos específicos necessários ao trabalhador do futuro, inúmeras pesquisas mostram que habilidades que envolvem solução de problemas, criatividade e trabalho em equipe estão no topo das demandas das empresas, desde já pesando nos processos de seleção. Estas podem ser trabalhadas estrategicamente em qualquer escola e em conjunto com diversas aulas e atividades já realizadas cotidianamente pelos professores. Porém, é fundamental avançar nessa direção com o devido apoio profissional para obter os resultados esperados.
Apoiando os professores com formação para inserção das habilidades do século XXI junto com os conteúdos específicos das ciências naturais e matemática, como, por exemplo, faz o STEM Brasil, da ONG Educando (programa que atende centenas de escolas em todo o Brasil), é possível, além de trabalhar as valorizadas habilidades do futuro do trabalho, criar condições mínimas para aumentar o engajamento dos alunos na escola, melhorar os índices de aprendizagem e ajudá-los a seguir carreiras atraentes e interessantes para a Geração Z. Além, ainda, de gerar o desenvolvimento econômico e social necessário ao Brasil.
Marcos Paim, professor e diretor do programa STEM Brasil da ONG Educando.
Sobre a Educando
Inspirando Professores > Criando Líderes > Transformando Vidas
Fundada em Nova York em 2002 como World Development and Education Fund (Worldfund), a organização não-governamental passou a se chamar Educando em junho de 2018. Desde o início trabalha em parceria com governos locais para trazer investimentos de empresas privadas para projetos educacionais na América Latina. Em 16 anos, a instituição já levantou mais de US$ 30 milhões em investimentos e capacitou mais de 13,2 mil educadores no Brasil e no México, com impacto em mais de 5,5 milhões de estudantes.