Duas passagens alternativas são fechadas em Pacaraima, Roraima, ao mesmo tempo em que dois caminhões com suprimentos rumam de Boa Vista para a divisa
Janaína Figueiredo e Paola Carvalho, especial para O Globo
PACARAIMA, RORAIMA, E RIO – Os militares venezuelanos reforçaram na madrugada deste sábado o fechamento da fronteira com o Brasil, em Pacaraima, Roraima. Além da estrada principal que liga os dois países, onde fica o posto de controle fronteiriço, foram fechadas duas passagens alternativas, uma de um quilômetro e a outra de cinco quilômetros, por onde a população vinha circulando depois do anúncio do bloqueio da divisa, feito na quinta-feira pelo governo de Nicolás Maduro. No posto de controle aduaneiro, há agora cerca de cem militares do país vizinho.
Os militares venezuelanos também assumiram a guarda do único posto de gasolina da região, que fica do lado venezuelano da divisa. Há oito militares guardando o posto, que foi cercado com correntes. Com isso, a população de Pacaraima não pode abastecer seus veículos.
O reforço do fechamento da fronteira coincide com a partida de Boa Vista, nas primeiras horas da manhã de hoje, de dois caminhões com a ajuda em alimentos e insumos médicos doada pelos governos do Brasil e dos Estados Unidos e que está armazenada na Base Aérea da capital do estado. Os caminhões, dirigidos por motoristas venezuelanos, são custodiados por policiais federais e militares brasileiros, que no entanto não tentarão atravessar a fronteira.
Os caminhões, com um total de oito toneladas de ajuda, são acompanhados pelo chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, o encarregado de negócios dos Estados Unidos em Brasília, William Popp, e María Teresa Belandria, designada “embaixadora” no Brasil pelo líder opositor Juan Guaidó, que em 23 de janeiro se proclamou presidente interino da Venezuela com apoio da Assembleia Nacional, que preside, e foi reconhecido por 50 países, incluindo o Brasil.
O objetivo inicial da oposição venezuelana era chegar a ter até 12 caminhões em Roraima, confirmou ao GLOBO uma fonte que participou da organização da operação, mas finalmente foram conseguidos apenas dois caminhões, de pequeno porte.