Por Tainá Ferreira e Igor Brandão

“Vale a pena viver, vale a pena lutar pela vida”, essas são as palavras de força de Telma Cristina Saraiva, de 44 anos. O sorriso permanente esconde a difícil trajetória de uma mulher que enfrentou um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e luta contra o quarto tumor.

A luta contra o câncer começou em 2014, quando recebeu o primeiro diagnóstico de tumor na mama esquerda. Durante 1 ano e 2 meses, Telma lutou até receber o diagnóstico de cura. 24 horas depois, descobriu que tinha um tumor, também, na mama direita. Lá se foram mais 11 meses de tratamento. Em 2016, veio o terceiro diagnóstico: câncer no intestino. E agora, há um ano, Telma enfrenta o câncer no reto.

Superação, com certeza, foi a marca registrada de Telma durante esses anos. Além de enfrentar o tratamento contra os tumores, teve que lidar com o triste fato de perder a mãe, em 2014, o pai, em 2015 e, recentemente, ter se divorciado.

Desempregada e vivendo de doações para comprar seus medicamentos, ela buscou nos filhos a força para continuar sua batalha. “Eu não posso morrer de forma alguma, porque meus filhos precisam de mim”, conta emocionada.

Durante todo esse processo, Telma encontrou um acolhimento especial na ONG Vencedoras Unidas. Ela descobriu a instituição por meio de uma paciente que faz tratamento no mesmo hospital. A ONG foi criada em 2016 com o objetivo de ajudar mulheres acometidas pelo câncer, em sua maioria de mama. Desde então, realiza encontros e o trabalho de acolhimento dessas mulheres.

Atualmente, possui dois grupos com mais de 300 integrantes no Brasil e na Suíça. “Elas me abraçaram! A ONG veio de uma maneira especial para mim”, afirma Tela.

Sua história emocionou tantas pessoas que, no começo desse ano, Telma recebeu o título de Miss Superação, no 1º concurso de Miss e Mister Bariátrica do Distrito Federal. Com todos esses anos de luta pela vida, o câncer trouxe lições de vida para Telma.

“Eu não tinha amor próprio e aprendi a ter amor próprio, aprendi a acreditar mais nas pessoas, aprendi principalmente acreditar em mim. Acreditar que vale a pena viver, que a vida é bela. É pegar os momentos difíceis e aprender com eles e assim, os momentos fáceis vão ser deliciosos para se viver”, conclui.

Motivação

 Wilson Oliveira, 66 anos é outro exemplo de que o câncer pode ser vencido. Em 2015, após fazer o exame do toque, o médico constatou uma alteração na próstata. Ao fazer uma biópsia veio a confirmação do câncer no órgão em estágio avançado. Receber a notícia foi um mistura de sentimentos.

“Quando você fala em câncer já pensa na morte, porque câncer não é uma feridinha, não é qualquer corte. É uma coisa que só Deus e a sorte para ser curado. Então, eu fiquei numa expectativa muito grande e ao mesmo tempo, sou evangélico, fiquei tranquilo”, avalia.

Como a metade da próstata tinha sido afetada, foi preciso fazer uma cirurgia para retirada do órgão. A operação era considerada de risco, mas ele reagiu muito bem e sem complicações. A fé e a vontade de vencer a doença foram fundamentais para alcançar a cura. “Eu não me desmotivei. As minhas filhas ficaram ‘pai, o senhor é muito tranquilo!’. Mas não adianta, eu estou lutando, estou tranquilo. Se eu me desmotivar é pior”, conta Wilson, que teve total apoio da família.

Diferente de muitos casos, Wilson não precisou passar por sessões de quimioterapia e radioterapia. Com o tratamento da doença em segmento e sem evidências do tumor, ele faz acompanhamentos periodicamente no Hospital do Câncer de Goiânia (GO). Agora que superou o câncer, ele aconselha outras pessoas que passam por esse momento difícil.

“Ter força e encarar! A situação é grande, mas a vida é essa. Nós estamos aqui em uma passagem. A gente nasce e não sabe qual é o ritmo da vida, o que acontece precisamos aceitar. Se a pessoa se desmotivar, se entristecer, piora”, conclui.

Estáticas do Câncer

Nesta semana em que se comemora o dia Nacional da Luta Contra o Câncer, as estatísticas do da doença no mundo continuam preocupando. De acordo com a Agência Internacional de Pesquisa em Câncer, uma entidade ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), devem surgir 18,1 milhões de novos casos pelo mundo até o fim de 2018. A projeção é de que este ano termine com 9,6 milhões de mortes por consequência da doença.

Segundo o relatório, um em cada cinco homens e uma em cada seis mulheres em todo o mundo desenvolvem câncer durante a vida. Além disso, um em oito homens e uma em cada 11 mulheres morrem da doença.

Cânceres do pulmão, mama feminina e colorretal são os três principais tipos de câncer em termos de incidência, e estão entre os cinco primeiros em termos de mortalidade no mundo.

O Brasil, em 2018 e 2019, deve registrar cerca de 600 mil novos casos da doença. Os dados são do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) e mostram que o câncer de pele não melanoma é o mais frequente no país, com aproximadamente, 165 mil casos por ano.

Com exceção do câncer de pele não melanoma, os tipos de câncer mais frequentes para os homens serão próstata, com 68 mil casos, pulmão, intestino, estômago e cavidade oral. Nas mulheres, o câncer de mama é o mais incidente, com 60 mil, seguido pelo câncer de colo de útero, pulmão e tireoide.