O general foi rápido e firme, como convém a um general, quando divulgada a possibilidade de ganhar a vice de Jair Bolsonaro: “Estou preparado”, disse aos jornais. Disse, não. Como convém a um general em vésperas de tamanha honraria, o general bradou. Mas retumbante foi a resposta do seu partido, o PRP, que se recusou a endossar a composição. Uma pena.

São várias oportunidades que se perdem. Por certo chamado a entrevistas coletivas e eventos em nome da chapa, o general Augusto Heleno Pereira teria ocasião de falar aos cidadãos sobre o tempo em que foi auxiliar do general Cardoso no Planalto de Fernando Henrique.

Constatou-se então que o general Heleno era o mais frequente contato do juiz Nicolau dos Santos Neto, exclusive familiares. Como o general negasse por escrito, em carta, pude expor aqui a prova de sua ligação com o juiz mais tarde condenado e preso por corrupção, na obra do novo Tribunal da Justiça do Trabalho, em São Paulo.

O SNI estava extinto desde Collor e assim continuava, no dizer de Fernando Henrique. No entanto, Lalau passava ao general Heleno, com presteza sistemática, informações sobre os graúdos paulistas e seus negócios, os políticos, a imprensa. Entre outros temas. Era a preservação do policialismo, com todos os seus defeitos. E mais um: a falsidade da inexistência de espionagem interna.

Se dado a nostalgias, o general Heleno poderia ser tentado a esclarecer o eleitorado sobre um fato sempre omitido. Seu nome é acompanhado, muitas vezes, de citação ao comando que exerceu da Força brasileira no Haiti.

Sem referência, jamais, a que esse comando foi encerrado bem antes do prazo, por um motivo sem precedente: a ONU pediu que o general brasileiro fosse retirado do comando. A respeito, só ficou registro da chegada do general Heleno, abalado a ponto de chorar.

Assuntos não faltariam ao vice de Bolsonaro para interessar o eleitorado. Embora nenhum se compare à perda da oportunidade de mostrar aos eleitores que Bolsonaro não é único nas ideias e modos, não tem originalidade. É produto que foi fabricado em série.

Retirada lamentável também é a de Aécio Neves à reeleição para o Senado. Cogita candidatar-se, quando muito, a deputado. Vai-se a oportunidade de exibir-nos outra disputa com Dilma Rousseff, esta no estado de que foi governador. E onde fez obras inesquecíveis como o aeródromo de sua família e a Cidade Administrativa que move investigações de fraude e corrupção, com o próprio governador de então no papel central.

Como se fora moda, outra retirada chegou a ser notícia: a do ex-ministro do Supremo e hoje advogado Sepúlveda Pertence, irritado —o que não é novidade— com os outros defensores de Lula, formais ou espontâneos. Contraria-o que busquem a libertação plena de Lula, e não a sua proposta de obter a prisão domiciliar. Sepúlveda contestou, “por ora”, a notícia da sua retirada, condicionando-a a uma conversa com Lula.

Teses de defesa, é melhor tê-las demais. No caso, o interessado foi taxativo: uso de tornozeleira, como exigência para prisão domiciliar, é impensável. A opinião que Sepúlveda repele não é (só) de defensores, é de Lula. E ao defendido cabe dizer o que aceita ou não.

Neste ponto, me retiro. “Por ora”.