Deputado Jair Bolsonaro foi batizado em Israel em 2016 e vem se aproximando de lideranças evangélicas, como o senador e pastor Magno malta (PR-ES). Foto: Dida Sampaio/Estadão

Movimentos recentes do deputado Jair Bolsonaro (RJ), pré-candidato do PSL à Presidência da República, mostram que ele tem intensificado sua aproximação com o eleitorado evangélico.

Na quinta-feira passada, Bolsonaro participou de dois encontros com evangélicos em Brasília e hoje tem presença confirmada no encerramento do 36.º Congresso Internacional de Missões dos Gideões da Última Hora, em Camboriú, em Santa Catarina.

O convite foi feito em seu gabinete, na Câmara, durante visita de pastores missionários do grupo, formado por diferentes denominações pentecostais. O deputado deve participar do encerramento ao lado da mulher, Michelle, fiel da Igreja Batista Atitude, no Rio, que o estimula a participar dos cultos. O deputado quer prestigiar o segmento, com o qual diz manter interlocução. “Gozo da simpatia deles”, disse ele ao Estado, na quinta-feira passada.

Bolsonaro é católico de formação. Na Câmara, adota discurso conservador e é defensor de bandeiras simpáticas aos evangélicos como a proibição do casamento entre pessoas do mesmo sexo, a legalização do aborto e a descriminalização de drogas. O deputado também se diz a favor “da família e dos costumes” ao mesmo tempo em que afirma que todo cidadão deveria andar armado.

Batismo. Um marco da guinada de Bolsonaro ocorreu em maio de 2016. Enquanto o Senado votava o afastamento da então presidente Dilma Rousseff, o deputado viajou a Israel com os filhos parlamentares e passou por batismo no Rio Jordão. A cerimônia foi conduzida pelo pastor Everaldo, do PSC, então partido de Bolsonaro. Candidato a presidente em 2014, Everaldo controla a Assembleia de Deus Ministério Madureira, no Rio.

Depois da cerimônia em Israel, o deputado passou a se apresentar como “cristão” e destacar valores “judaico-cristãos”. Também adotou um bordão, com o qual costuma encerrar seus discursos e vídeos distribuídos em redes sociais – onde tem 5,385 milhões de seguidores: “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”. Ele também ampliou o trânsito com autoridades israelenses, que aumentaram a interlocução com os evangélicos, e tem se posicionado favoravelmente a Israel em questões de política internacional.

Bolsonaro recebe apoio de nomes influentes como o pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e o pastor e senador Magno Malta (PR-ES), um dos líderes da frente religiosa no Congresso. Malafaia celebrou seu casamento com a atual mulher. Malta foi cortejado pelo pré-candidato para ser vice em sua chapa.

Em visita a Roraima, no início do mês, Bolsonaro lançou como pré-candidato ao Senado por seu partido o pastor da Assembleia de Deus Isamar Ramalho. No discurso para uma plateia de fiéis, o pastor comparou Bolsonaro a personagens bíblicos e afirmou, apontando para o deputado, que “Deus tem uma pessoa certa para cada templo, e este é o homem para este”. Já Bolsonaro afirmou que “Deus não dá nenhuma cruz que não possa carregar”.

Na quinta-feira, Bolsonaro conversou reservadamente com o pastor Cláudio Duarte. Influente nas redes sociais, ele indicou apoio a Bolsonaro. “No que você precisar eu tenho aí um movimento na minha rede social”, disse. Antes do bate-papo, o deputado assistiu da primeira fila à palestra do pastor a um auditório lotado de mulheres na região central de Brasília.

Sua passagem foi discreta e ele se mostrou tímido diante do pastor – postura que o pré-candidato ao Planalto pretende manter nos encontros religiosos, bem diferente da que adota em discursos e nas redes sociais.