Por Marco Antônio Barbosa
Com a criminalidade em crescimento, uma das perguntas mais feitas nos últimos meses e que irá ser tema de grandes debates durante as eleições que se aproximam a passos largos é: como resolver a situação da segurança no Brasil? Apesar de curta, está é uma questão complexa. Não existe só um caminho ou proposta, mas todos eles partem do mês ponto inicial: investir em educação para as nossas crianças. Exatamente o que menos fazemos.
Historicamente, a criminalidade nasce da marginalização. No momento em que o Estado para de prover recursos básicos, principalmente ensino de qualidade, a população mais carente não consegue encontrar oportunidades. Este vazio é ocupado pelo crime que surge como ‘única chance de vida’. Mudar este círculo vicioso com quem já tem ‘sangue nas mãos’ é muito difícil, mas evitar que outros sigam este caminho pode e deve ser a solução. Mas o que estamos fazendo para dar oportunidades aos nossos jovens carentes? Quase Nada.
Segundo o Ministério da Educação, o número de matrículas no Ensino Médio caiu 2,5% em 2017, sendo que 84% são de alunos de escola pública. Atualmente, existem 1,5 milhão de jovens de 15 a 17 anos fora da escola, isso significa 15% da população desta faixa etária.
Falta de escolaridade significa aumento da criminalidade. Isso é estatístico. Dados do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen) mostram que do total de presos no Brasil – mais de 725 mil pessoas – 75% não chegaram ao ensino médio e apenas 1% tem formação universitária. De todos os presidiários, 55% têm entre 18 e 29 anos. E esta parcela deve aumentar ainda mais. O último Atlas da Violência produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), aponta que 24.628 adolescentes estão cumprindo medidas socioeducativas. O aumento foi de 82% em 10 anos. A engrenagem para recrutar mais gente para o crime segue seu fluxo sem interrupções.
O investimento em segurança, estrutura e fortalecimento de nossas policias não vai bastar se não dermos oportunidade para quem está a margem da sociedade. Nossas crianças continuarão a migrar para a violência e aumentar cada vez mais a população carcerária ou as estatísticas de homicídios.
É algo que demora a ser sentido, mas precisa ser feito. Colocar um pano para estancar um vazamento, como vem fazendo mais uma vez as nossas autoridades, irá servir por pouco tempo. O crime se atualiza e encontra novos espaços. Logo o pano estará encharcado e água continuará a inundar nosso país.
Educar as crianças é cuidar do nosso futuro e investir em segurança. Enquanto não olharmos para as pesquisas e dados alarmantes com esta visão, tudo não passará de enxugar gelo. Educação é o fator decisivo para crescermos como nação e pararmos de ‘ganhar medalhas’ em rankings de violência.
Marco Antônio Barbosa é especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas de marketing e negócios.