No Nordeste brasileiro, somente 36,22% do esgoto é tratado. Já o índice de coleta é de 26,79%. Os dados são do Instituto Trata Brasil – organização formada por empresas interessadas em melhorias do saneamento básico e na preservação dos recursos hídricos.

Um dos estados da região que tem sofrido com esses problemas é Pernambuco. Na visão do senador Armando Monteiro, do PTB pernambucano, investir em saneamento básico é sinônimo de prevenção de doenças. Como uma das soluções para dar mais qualidade de vida aos habitantes do estado, o parlamentar cita os modelos de contrato de parcerias público-privadas, imaginando que assim haveria melhora no serviço prestado.

“O Brasil precisa investir mais nessa área. Agora, como investir mais com o Estado brasileiro enredado nessa crise fiscal profunda? É fundamental criar um marco adequado para estimular as parcerias público-privadas nessa área”, afirmou o deputado.

A questão do saneamento básico está diretamente ligada à preservação dos recursos hídricos. A avaliação é do senador Otto Alencar, do PSD baiano. Preocupado com a escassez de chuva que, frequentemente, afeta a região e os baianos, o congressista faz um apelo aos governos federal e estadual. Além disso, destaca a importância de proteger os reservatórios que abastecem o campo e as cidades.

“Se eu tivesse que aconselhar os governos a fazerem alguma coisa, seria recuperar as nascentes, fazendo desassoreamento das nascentes, dos afluentes, desassoreamento dos rios e produzir água. E, é necessário, urgentemente, replantar as matas que foram desmatadas criminosamente no passado, sobretudo nas nascentes, nos seus afluentes”, disse Alencar.

Na Bahia, para que todos os habitantes do estado tenham suas casas conectadas a redes de tratamento de esgoto seria necessário um investimento de R$ 18 bilhões até 2025. Apesar da alta soma, os benefícios ocasionados pela oferta maior de saneamento gerariam uma economia para o estado bem maior: de R$ 20 bilhões. Atualmente, apenas dois municípos do estado estão classificados entre os 50 melhores em acesso à água e serviços de esgoto pelo Trata Brasil: Salvador e Vitória da Conquista. O ranking leva em conta apenas os muicípios com mais de 100 mil habitantes.

“A Bahia ainda enfrenta um grave déficit dos serviços e uma persistente incapacidade dos entes públicos no nível estadual e municipal para o enfrentamento deste quadro”, observa Patrícia Borja, professora doutora do Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal da Bahia (Ufba).

Ainda de acordo com o Instituto Trata Brasil, cerca de 35 milhões de brasileiros não são atendidos com abastecimento de água tratada. Os dados mostram também que mais de 100 milhões de pessoas não têm acesso à coleta de esgoto no país.

Por Marquezan Araújo