Por: Mirella Araújo, da Folha de Pernambuco
O Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por meio da promotora da Justiça Luciana Dantas, vai atuar no caso da redução de assentos prioritários para idosos nos transportes coletivos. A entidade afirmou que, apesar de ainda não haver denúncias protocoladas, está estudando os impactos da medida, alvo de críticas de passageiros. A diminuição dos assentos na dianteira dos veículos foi aprovada em reunião do Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM). O assunto foi trazido à tona pela Folha de Pernambuco, dia 21 de março, e tem repercutido também nas redes sociais.
O jornal está com uma enquete aberta em suas páginas do Facebook e Instagram para saber dos usuários do transporte coletivo o que eles acharam dessa medida. Até o fechamento desta edição, muitos consideravam a decisão do CSTM um “absurdo”. Outros diziam que, muitas vezes, quando todos os lugares da dianteira estão ocupados, os idosos são obrigados a apelar para a boa vontade e o bom senso das pessoas para tentar conseguir um lugar.
“Se os ônibus não estivessem sempre superlotados, se o trânsito fluísse de forma eficaz e houvesse uma quantidade/qualidade decente de ônibus, não iriam precisar de tanto “bom senso” assim”, respondeu, via Facebook, o internauta Hugo Costa. Reprovação também por parte de Wilson Cunha, que afirmou: “Um absurdo!”
Para quem não acompanhou a polêmica, o Grande Recife Consórcio de Transporte (GRCT) foi autorizado a diminuir os assentos amarelos – com até seis lugares. Agora, os ônibus passarão a ter de três a quatro cadeiras reservadas, localizadas na parte da frente dos ônibus. Mas, segundo as resoluções aprovadas no conselho, essa decisão, a princípio, não será aplicada a todos os veículos. As linhas e carros que serão modificados deverão ser indicados pelas próprias empresas.
O internauta Cochise Guimarães avalia que a falta de educação das pessoas que usam diariamente o transporte coletivo é outro agravante para a situação de desrespeito ao idoso. “Isso não era nem para existir, o problema é que os seres humanos não têm educação, são arrogantes e gananciosos e esquecem que, um dia, serão velhos e podem passar por isso”, respondeu, na publicação. O Grande Recife Consórcio também reforça que os assentos após a catacra serão os mesmos, e que já há uma norma que determina o embarque pela porta traseira, ou seja, se todas as cadeiras da frente estiverem ocupadas, o motorista é obrigado a embarcar o idosos pela porta de trás.
Para a internauta Vânia Silva, essa liberação também traz um risco maior para os idosos. “Veja a responsabilidade das empresas junto com os idosos. O problema é que os motoristas vão ter que ser mais atenciosos, pois é um risco muito grande na subida desses idosos. O motorista perde toda visibilidade na subida pela traseira, os idosos vão se arriscar mais”, ressaltou. No instragram da Folha de Pernambuco, 85% dos usuários disseram não concordar com as mudanças contra 15% das pessoas que concordam.
Cadeirantes
O Grande Recife esclareceu que o acréscimo de mais um espaço para cadeirantes nos ônibus, também aprovada durante reunião do Conselho Superior de Transporte Metropolitano, “não tem relação alguma com a redução de assentos na dianteira”. “Embora os dois assuntos tenham sido votados, o primeiro [vagas para cadeirantes] foi um pedido do conselheiro e usuário de cadeira de rodas, José Carlos Santos, juntamente com outros representantes do segmento, que foi aprovado por unanimidade. Já o segundo [redução de assentos] faz parte de um estudo realizado pela Urbana-PE”, disse o GRCT.
O novo layout já está em vigor em quatro empresas de ônibus que circulam no Grande Recife. Juntas, a Metropolitana, Globo, Pedrosa e Transcol somam 44 ônibus. Os veículos BRT já possuem dois espaços em 88 deles, desde 2014. Mais duas empresas deverão adicionar 150 veículos modificados à frota.