Governo e Oposição expuseram pontos de vista diferentes sobre a posse de novos policiais e o esquema de segurança apresentado pela Secretaria de Defesa Social (SDS) para o Carnaval 2018. Na Reunião Plenária desta terça (6), o deputado Álvaro Porto (PSD) questionou os números divulgados pelo Poder Executivo em relação aos dois temas, mas seu discurso foi contestado, em seguida, pelo líder do Governo, Isaltino Nascimento (PSB).
Segundo Porto, o Governo do Estado “maquiou dados” ao anunciar uma expansão de 32% nos postos de trabalho de policiais militares, civis, científicos e bombeiros que irão atuar no Carnaval deste ano em relação a 2017. “No ano passado, havia 31 mil profissionais destacados e agora serão 27 mil. Como pode haver uma expansão com quatro mil pessoas a menos trabalhando?”, indagou o parlamentar.
Porto também avaliou que a posse de 1,2 mil policiais civis e científicos, nessa segunda (6), e de 1,5 mil PMs, em setembro de 2017, não resultou em aumento do número total de servidores de segurança pública no Estado. “Foram nomeados cerca de 2,5 mil policiais militares em 2016 e 2017, porém aproximadamente 2,7 mil se aposentaram nesse mesmo período”, exemplificou. O ponto foi reforçado, em aparte, por Priscila Krause (DEM): “Além das aposentadorias, muitos profissionais estão saindo da corporação para assumir outros empregos”, chamou atenção a deputada.
Segundo Álvaro Porto, essa saída de policiais decorre da ausência de estrutura oferecida e da pressão por resultados feita pelo Governo. “Essa falta de liderança de Paulo Câmara na área de segurança faz com que ele seja rejeitado por 63,5% dos pernambucanos”, comentou, citando dados de pesquisa de opinião divulgada no dia 26 de janeiro.
Os questionamentos foram respondidos, em seguida, pelo líder governista. Com relação ao Carnaval, Isaltino Nascimento explicou que haverá uma expansão do número de postos de trabalho na segurança, por meio de jornadas extras, mesmo com uma quantidade menor de profissionais. “O mesmo policial irá atuar em sua jornada normal e na extra, com o Governo, inclusive, pagando um alto custo para garantir as diárias desses servidores”, declarou o socialista.
Com relação a um possível déficit no efetivo provocado por aposentadorias, Nascimento ressaltou que os PMs que saem da corporação são de patentes diferentes dos que entraram. “Os que estão chegando são soldados, enquanto os que estão se aposentando são de outras patentes. A Oposição deveria deixar de usar dados falaciosos em seus discursos”, criticou.
O líder do Governo ressaltou que, com os novos policiais civis e militares, será possível descentralizar ainda mais a segurança pública. “Com a chegada dos profissionais da polícia científica, por exemplo, cidades como Ouricuri, Garanhuns e Palmares poderão contar com esse tipo de serviço”, enfatizou.
Apartes – As deputadas Laura Gomes e Roberta Arraes, ambas do PSB, apoiaram o discurso de Isaltino Nascimento. Elas apontaram que houve redução da criminalidade nos últimos meses em suas regiões (Agreste Central e Sertão do Araripe, respectivamente). “Em Caruaru, o número de homicídios no mês de janeiro caiu de 21, no ano passado, para dez neste ano”, observou Laura.
Aluísio Lessa (PSB) comparou a situação da segurança pública do Carnaval deste ano com a de 2017. “No ano passado, tínhamos um grupo de policiais que gritava ‘não vai ter Galo’, com uma torcida organizada de deputados nesta Casa para que isso acontecesse. Este ano, o que temos é a formatura de 1,2 mil novos profissionais”, declarou Lessa.
Por sua vez, Rodrigo Novaes (PSD) criticou a atuação do Governo Federal na área da segurança. “Não vemos aqui os amigos do presidente Temer dizerem que não há plano para essa área em nível federal, nem criticar a falta de atuação da Polícia Rodoviária Federal e nem a ausência de proteção nas fronteiras”, comentou.
Já o líder da Oposição, Sílvio Costa Filho (PRB), relembrou que o programa de governo de Paulo Câmara, apresentado em 2014, previa a contratação de 8,5 mil profissionais de segurança. “Lanço para a gestão estadual o desafio de cumprir essa promessa e torço para que ela consiga”, afirmou.
O oposicionista considerou, ainda, haver uma incoerência nas críticas de membros do PSB ao governo Temer. “Foram os deputados federais do PSB que votaram pelo impeachment da presidente Dilma”, registrou Costa Filho.