O PTB bateu o pé. E, com isso, o governo decidiu bancar a indicação da deputada federal Cristiane Brasil como ministra do Trabalho. E está disposto, inclusive, a recorrer ao Supremo Tribunal Federal para manter a nomeação. A posse, agendada para essa terça-feira e suspensa por uma ação liminar, ainda continua indefinida. Ré em uma ação na justiça, Cristiane teve que pagar R$ 60 mil a um funcionário depois de acumular dívidas trabalhistas com o empregado. O Ministério do Trabalho é responsável, entre outras atribuições, por tratar de assuntos de interesse do trabalhador.

Esta semana, o presidente Michel Temer recebeu em seu gabinete Cristiane, o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes, de Goiás, e o presidente nacional do partido, Roberto Jefferson, que é pai da deputada. A decisão dos dois lados foi manter o nome da parlamentar, sem possibilidades de rever a troca por outra liderança do partido.

A indicação de Cristiane à ministra do Trabalho teria sido costurada pelo próprio pai, apesar de ele garantir que a lembrança veio do presidente da República. Pivô do escândalo do mensalão, Roberto Jefferson teve o mandato cassado em 2005. Pela lei, a contagem do tempo para disputar a eleição, no caso de um parlamentar, são de oito anos após o fim do mandato. Este ano, ele pretende voltar à Câmara dos Deputados, desta vez como candidato por São Paulo.

Na semana passada, ao anunciá-la como nova ministra, Jefferson chorou. Nas palavras de dele, a ida da filha para a Esplanada dos Ministérios significava uma espécie de recuperação de sua imagem. “(Suspiro)… É o resgate sabe, querida. É um resgate à minha imagem, da minha família, depois de tudo que aconteceu (mensalão). Mas já passou”, disse, visivelmente emocionado.

Outro caso de incongruência que assombra a indicação de um ocupante em conflito com as causas do cargo ocupado se repete em Minas Gerais. Chefe do Detran do estado, órgão responsável por fiscalizar as leis do trânsito, o delegado César Augusto Monteiro tem acumulados, nada mais, nada menos, que 120 pontos em sua carteira de habilitação. Diante da polêmica em torno do caso, ele acabou entregando a carteira ao órgão que comanda. Mas ainda se mantém no cargo. Resta saber agora até onde se sustentará a indicação de Cristiane Brasil, com sua ação trabalhista, à chefia do Ministério do Trabalho.