Após muitas tentativas do governo de votar a reforma da Previdência ao longo de 2017, a decisão final sobre as mudanças nas regras para se aposentar vai ficar para o ano que vem. O anúncio foi feito na última quinta-feira (14) pelo presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM-RJ).

De acordo com o congressista, a base aliada do governo vai aproveitar esse tempo para tentar conseguir apoio do Congresso, sobretudo de partidos e parlamentares indecisos sobre a questão. “O que nós precisamos é de agora até fevereiro continuar trabalhando. Como eu disse, a rejeição à reforma já diminuiu muito”, afirmou.

Algumas agências que avaliam a credibilidade do País, como a Moody’s e a Fitch se posicionaram contra o adiamento da reforma, alegando que o Brasil vai ter dificuldade de controlar os gastos públicos.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que vai conversar com as agências de risco para tentar evitar que a nota brasileira diminua. “Existe uma possibilidade concreta de votação no ano que vem. Portanto essa será uma informação importante para as agências e com isso tentaremos evitar o tal rombo.”

A expectativa é de que a discussão da reforma seja retomada no dia 5 de fevereiro e votada no dia 19 do mesmo mês. Para o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (IBRE-FGV) Fernando de Holanda Filho, esse é um assunto que não pode mais ser adiado.

“Eu acho que a gente está perdendo tempo não discutindo, estamos perdendo tempo não aprovando. Você tem condições muito frouxas de concessão. São vários pontos não sustentáveis ao longo do tempo que precisam ser revistos”, avaliou Holanda Filho.

A economista chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, afirma que existe um déficit na Previdência e que, por esse motivo, a reforma tem que ser feita o quanto antes. “A urgência é máxima, porque as contas previdenciárias estão aumentando o déficit em uma velocidade muito alta. No Brasil, os investimentos só caem, não tem dinheiro para in vestir em Educação e Saúde”, comentou.

De acordo com projeções do Tesou Nacional, este ano, o rombo no Regime Geral da Previdência Social (RGPS) pode chegar a R$ 181,6 bilhões. No ano passado, o prejuízo registrado foi de R$ 149,73 bilhões. O valor é 74,5% maior do que os R$ 85,81 bilhões, notados em 2015.