Nos presídios do RJ, quando um detento chega, na triagem considera-se também a facção a qual está ligado. Aí, define-se o seu destino. Há cadeias dominadas apenas pelo Comando Vermelho, outras pelo Terceiro Comando Puro, Amigos dos Amigos e até uma separação só para milicianos. Há também os presídios “neutros”, para aqueles sem facção.

A leva de políticos fluminenses por trás das grades obrigou as autoridades a terem outro cuidado: separar os investigados por partidos, evitando confrontos físicos; além de não misturar acusados com acusadores. Todos estão na Galeria C, da Cadeia Pública de Benfica, Zona Norte do Rio, mas em espaços bem delimitados.

Por exemplo, o presidente licenciado da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani, divide cela com o filho, Felipe Picciani. Com eles estão o deputado estadual Edson Albertassi e Rogério Onofre, ex-presidente do Departamento de Transportes (Detro). Sérgio Cabral divide espaço com Flávio Melo, ex-PM, um enfermeiro chamado Alex, além de Wilson Carlos, ex-secretário de seu governo e o empresário Marco Antônio Luca.

No segundo andar, uma unidade abriga o empresário do setor de transportes Jacob Barata Filho, que divide cela com Lélis Teixeira, ex-presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do RJ, e outro empresário de ônibus. Carlos Miranda, apontado como o operador financeiro do esquema chefiado por Cabral, em seu quadrado tem ao lado o ex-secretário de Obras, Hudson Braga. Já o ex-secretário de Saúde Sérgio Cortes tem como companhia os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita.

O ex-governador Anthony Garotinho chegou semana passada. Está numa cela separada na mesma Galeria C, já que é inimigo político do grupo todo. A mulher dele, a ex-governadora Rosinha Matheus, também detida, foi trancada numa unidade da ala feminina, no mesmo bairro de Benfica, mas longe de Adriana Ancelmo, esposa de Cabral, que perdeu o benefício da prisão domiciliar na quinta-feira 23. Assim, os principais líderes políticos do Estado do Rio, nos últimos 20 anos, estão em cadeias.

Ricardo Boechat – ISTOÉ