Hoje em dia é o meu mundo”. É assim que o jovem de 14 anos, Julio César Coelho de Amorim se refere à matemática. Nesta quarta-feira (22), o estudante do Distrito de Cristália, Zona Rural de Petrolina, no Sertão de Pernambuco, recebeu a notícia de que foi ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática (Obmep) deste ano. O feito completa uma longa lista de conquistas dos últimos anos.
Julio César também levou o ouro na Obmep nos anos de 2016 e 2015. Em 2017, o estudante já havia garantido outra medalha, uma prata na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Aeronáutica (Oba). Mas a participação em provas começou por acaso. “A matemática desde o Ensino Fundamental eu tinha bastante facilidade, mas não passava disso. Eu não fazia projeções do que eu podia conquistar com aquilo. No 5º ano chegou uma prova da Olimpíada Municipal de Matemática de Petrolina para eu fazer, mas eu nem sabia o que era. Nesse ano não estava preparado e acabei não ganhando nada, mas o meu primo que agora foi prata na Obmep ganhou o primeiro lugar e um notbook como prêmio. Aquilo me despertou o interesse, me mostrou que a matemática poderia me dar bons frutos. Foi aí que eu corri atrás e no ano seguinte consegui ganhar a Olimpíada Municipal. De lá para cá eu ganhei três vezes nos anos de 2014, 2015 e 2016. Esse ano não teve”, explicou.
Na última semana, Julio César colheu um desses frutos e esteve no Rio de Janeiro para receber o prêmio referente à prova de 2016, quando quase 18 milhões de estudantes participaram do exame. “Quando você descobre que pode ir para o Rio de Janeiro com tudo pago pela Obmep, para encontrar com outras 500 pessoas que gostam da mesma coisa que você, não tem como não ficar deslumbrado com aquilo”.
O jovem, que costuma ajudar os colegas nas questões de matemática em sala de aula, tem hábitos comuns para garotos da sua idade. Entre eles, o interesse por canais de vídeos na internet. Mas, diferente dos seus colegas, a maioria das pesquisas está relacionada ao seu amor pela ciência exata. “Eu estudo bastante em casa. Pego o notbook, costumo fazer um cronograma para cada dia estudar uma horinha. Tem vários canais com materiais, provas e tudo mais”.
Estudante do 9º ano do Ensino Fundamental, Julio César sonha em estudar Engenharia. Enquanto não chega lá, ele se envolve com ininicação científica e outros eventos além da Obmep, como a Oba. “A Astronomia foi mais um hobby. Eu conheci nos grupos da Obmep e resolvi dar uma olhada. Achei bastante interessante estudar os universo, os astros, aí eu estudei e acabei ganhando uma prata (na Oba). Na verdade, a escola nem participava, eu que pedi para a professora me inscrever”.
Incentivado pela mãe, o jovem tem sido motivo de orgulho também para os professores. “Ele é bem focado, atencioso, sempre senta na cadeira da frente, participa na resolução das questões no quadro, ajuda os colegas. Ele próprio tem um cronograma de estudos e faz a agendinha dele para estudar em casa. A gente fica feliz com os resultados”, declarou a professora de matemática de Julio César, Elisângela Mendes.
Apesar da pouca idade, Julio diz não ter sonhos, mas metas de vida. “Tenho metas a realizar. Me formar em Engenharia talvez, ter uma casa, poder dar uma vida melhor para os meus pais, várias coisas”, finalizou o jovem.
G1 Por Amanda Lima, Petrolina