Erguido em 1894 e testemunha de mais de um século de transformações, o Paço Municipal de Juazeiro se prepara para um novo capítulo de sua história. Tombado como patrimônio, o prédio passará por uma reforma que não apenas preservará sua memória, mas também ampliará seu papel na vida da cidade.

O local será a nova sede da Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes (Seculte), além de receber a Secretaria da Mulher e Juventude e uma central de atendimento ao cidadão. A reforma dará uma nova vocação ao casarão, que deixará de ser apenas o prédio administrativo para se tornar um espaço dinâmico, voltado à cultura, ao turismo e ao acolhimento da população.

Mais que uma reforma, um resgate

O Paço resistiu ao tempo, mas acumulou marcas do passado: infiltrações, rachaduras e comprometimento estrutural exigem cuidados urgentes. O investimento na revitalização é uma necessidade para garantir a preservação de um dos marcos arquitetônicos de Juazeiro.

Além disso, com a mudança, o espaço será um local ainda mais aberto para a cidade. Suas paredes históricas se tornarão, também, galeria para exposições de artistas locais, enchendo-se de cor e expressão, bem como dando visibilidade à produção cultural de Juazeiro.

“Com este espaço em mãos, podemos organizar mostras rotativas, por exemplo, a cada três meses, dando oportunidade para diferentes artistas exporem seus trabalhos”, prevê Targino Gondim, secretário da Seculte.

O ambiente deve, ainda, funcionar como uma base com informações para turistas. Localizado no coração da cidade, o prédio sempre atraiu olhares curiosos. Agora, ele deve se consolidar de vez como mais do que um ponto de passagem: será um convite para entrar, explorar e sentir a história dessa construção e de Juazeiro.

“Todo mundo que passa por lá tem curiosidade de conhecer a arquitetura por dentro. A proposta é preparar esse local para receber visitantes, e nada melhor do que a Cultura estar presente para valorizar esse patrimônio”, diz o secretário.

Retorno do Balé das Andorinhas

Dentro da proposta de resgate histórico, uma das ações simbólicas já em andamento é a recuperação da obra Balé das Andorinhas, do artista plástico Coelhão. A escultura, que ficava na escadaria do Paço, foi removida e danificada ao longo dos anos. Agora, há um esforço para restaurá-la e devolvê-la ao prédio, protegida e valorizada.

“A obra retrata um dos espetáculos mais belos de Juazeiro – o voo sincronizado das andorinhas ao entardecer, um deslumbre para quem observa. Queremos ela de volta, emoldurada e protegida”, destaca Gondim.

O Paço Municipal

O prédio foi construído pelo intendente Henrique José da Rocha e, ao longo dos anos, desempenhou diferentes papeis na vida pública de Juazeiro. Já abrigou o Fórum e a Câmara Municipal, sendo um espaço central para decisões políticas e administrativas.

Sua construção foi concluída em 1934, quando recebeu a cobertura do primeiro andar e passou a ser equipado para atender às demandas da administração municipal. Na época, sem o uso do cimento convencional, a estrutura foi erguida com barro e cimento de baleia, além de contar com pisos de madeira.

Atualmente, o prédio abriga o gabinete do prefeito e setores administrativos, mas, em breve, essas funções serão transferidas para um novo espaço, garantindo maior conforto à comunidade atendida e um novo propósito para o local, alinhado à preservação da memória e ao fortalecimento da cultura regional.