Câncer de mama prévio pode aumentar risco de câncer de pele
#DezembroLaranja
A exposição solar é o principal fator de risco para carcinoma ou melanoma. Os raios ultravioletas do sol são considerados carcinógenos completos, ou seja, capazes de induzir o câncer e ‘alimentá-lo’. A genética também pode ser um fator de risco, e fica um alerta especial para pessoas de pele clara, com dificuldade em se bronzear, com sardas, com olhos claros, pessoas ruivas, e pessoas com antecedentes de câncer de pele na família.
“Esses indivíduos têm um risco maior, porém pessoas de pele mais escura também podem ter câncer de pele. Outros tipos de câncer também podem estar associados, pois existem genes que predispõem a mais de um tipo de câncer. Mulheres com histórico de câncer de mama, por exemplo, podem ter risco aumentado para o melanoma”, explica Dra. Thais Helena Bello Di Giacomo, dermatologista pela USP especializada em câncer de pele.
A médica acrescenta ainda que cicatrizes de queimadura devem sempre ser monitoradas, porque pode surgir carcinoma em cima dessas cicatrizes.
Qual a principal diferença entre carcinoma e melanoma? é o tipo de célula que origina cada um desses tipos de câncer de pele. O carcinoma se origina das células que produzem a queratina e o melanoma das células que produzem a melanina. Os carcinomas são a maior parte dos cânceres de pele, costumam ser mais superficiais e em sua maioria são restritos à pele, sendo mais raro ocorrer metástase em algum outro órgão do corpo. Já o melanoma é um tipo de câncer menos frequente, porém mais agressivo, com chance maior de metástase quando é diagnosticado já numa fase avançada.
“Ainda, é importante saber que o melanoma invasivo pode crescer em profundidade 0,1 milímetros por mês e isso faz com que, em poucos meses, ele atinja um nível de mais de um milímetro de profundidade, quando o risco de metástase começa a ser mais significativo. Então, é um tipo de câncer de pele que a gente realmente não pode demorar para diagnosticar”, alerta a dermatologista.
Como reconhecer um câncer de pele?
Existem mudanças e alterações nas pintas que merecem atenção: Se você tem uma pinta que não combina com as outras, é um sinal importante. “Qualquer bolinha vermelha, firme e que esteja crescendo precisa de investigação”, conta a médica.
Ela explica que o método ABCDE ensina as pessoas a perceberem alterações importantes numa pinta. O A é de assimetria, ou seja, se um lado da pinta é diferente do outro. O B é de bordas, ou seja, as bordas de uma pinta benigna devem ser redondinhas, regulares. Se a borda parece um mapa, entrecortada, é uma borda de uma pinta que merece atenção. O C é de cores. Quanto mais cores numa pinta, maior o sinal de que algo está errado. “Então, que cores são essas? Marrom claro, marrom escuro, cinza, azulado, rosa, esbranquiçado. São várias cores que podem aparecer numa mesma pinta e que indicam perigo”. D de diâmetro: todas as pintas com mais de meio centímetro precisam ser olhadas pelo dermatologista. E evolução. “A evolução é o mais importante do ABCDE, que é você perceber se uma pinta está mudando. Então, ou ela é uma pinta nova, ou ela mudou de tamanho, ou ela mudou de cor. Por algum motivo ela chamou atenção porque ela não está quietinha, ela está em evolução. Todo machucadinho, toda feridinha tem que sarar em duas a três semanas. Se isso não acontece, é importante ver o dermatologista”, alerta a especialista em oncologia cutânea.
O diagnóstico precoce de um câncer de pele permite que ele seja curado em 100% das vezes com uma cirurgia ou, no máximo, duas cirurgias. Quanto mais precoce o diagnóstico, quanto mais superficial ou menor a lesão, menor é o defeito cirúrgico e a complexidade da cirurgia. “Às vezes as lesões ocorrem no rosto, por exemplo, onde não temos muita pele sobrando para tirar, e ocorrem ‘defeitos’ cirúrgicos que podem repercutir na fala, no funcionamento do olho, por exemplo, lacrimejamento, defeitos estéticos importantes. Tudo isso faz com que o diagnóstico precoce seja desejável também por esses motivos”, finaliza Dra. Thais.
Sobre Dra. Thais Helena Bello Di Giacomo – @drathaisbello
Médica pela Universidade de São Paulo (USP-2005) com Residência em Dermatologia pelo Hospital das Clínicas da USP-SP. Tem mestrado pelo Hospital A.C Camargo. É dermatologista com ênfase em Cirurgia Dermatológica, Dermatoscopia e Oncologia Cutânea. É membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, do Grupo Brasileiro de Melanoma, da Sociedade da Academia Europeia de Dermatologia e Venerologia. Também faz parte da International Dermoscopy Society (IDS). Atua em consultório privado e é membro do corpo clínico dos principais hospitais privados de São Paulo.