Dr. Luiz Haroldo Pereira, membro e ex-presidente da SBCP, afirma que o percentual de pacientes com próteses que desenvolvem câncer de mama está abaixo da média geral. Além disso, o cirurgião diz que cirurgia reconstrutora já pode ser feita junto à mastectomia na maioria dos casos.
Outubro Rosa, o mês da conscientização sobre o câncer de mama chegou e com ele, muitas dúvidas surgem sobre a doença que vem mostrando um crescimento alarmante no Brasil, segundo o INCA. Acometendo majoritariamente mulheres, uma das preocupações além da saúde, é que o diagnóstico também mexe com a autoestima mesmo após o tratamento.
No entanto, de acordo com o Dr. Luiz Haroldo Pereira, cirurgião plástico membro e ex-presidente da SBCP com mais de 40 anos de experiência, com a evolução da tecnologia e das cirurgias estéticas, não precisa mais ser assim, já que hoje consegue-se detectar o câncer em estágio inicial e em alguns casos, a cirurgia reparadora pode ser feita de imediato, junto com a mastectomia.
“Quando falamos sobre reconstrução, precisamos avaliar primeiro o câncer de mama. Hoje a doença pode ser descoberta na fase mais precoce possível, com meio centímetro. E quanto menor o câncer, mais opções de reconstrução nós temos”, explica o médico.
Na maioria dos casos, a retirada completa da mama, o que muitas mulheres temem, não é mais necessária. “Cerca de 95% dos pacientes podem fazer a quadrantectomia, que retira somente a região comprometida, fazendo um quadrante. A mastectomia radical, que retirava toda a mama, ficou no século passado”.
Após a retirada e a avaliação para certificar que o câncer foi retirado em sua totalidade, a reconstrução já pode ser feita. “De modo geral, as reconstruções são feitas ao mesmo tempo. Você tira a lesão e já reconstroi. Se a mama foi muito retirada, colocamos um expansor para manter a pele e muitas vezes já podemos colocar uma prótese embaixo do músculo, em casos mais brandos”.
O médico também é categórico ao afirmar que os implantes não têm qualquer ligação com o aumento da probabilidade de desenvolver câncer de mama. “O percentual é bem pequeno. Porque são pacientes que passaram pelo pré-operatório, em que estudamos radiologicamente as mamas. Então muitas vezes conseguimos detectar algo precoce antes dos implantes. Existem estudos que alegam que a proporção é inclusive menor em pacientes com próteses, mas de modo geral, não tem ligação comprovada”.
Caso a paciente tenha próteses e seja diagnosticada com câncer de mama, de fato a retirada do implante será necessária. “Será feita a retirada, o quadrante e a avaliação da reconstrução que pode ser feita. Só em casos muito específicos e radicais que a reconstrução não será feita no mesmo momento, mas é raro. E pouco tempo depois, a paciente já poderá colocar o silicone novamente, se quiser”.
E como o principal é sempre manter os exames em dia, o médico tranquiliza pacientes com próteses sobre a mamografia: “Com os implantes modernos, o risco de haver um rompimento é mínimo. Até porque, hoje existe a mamografia digital e a ressonância magnética, que não fazem nenhum trauma na região mamária. O importante é não deixar de fazer os exames regularmente”, conclui.