A Síndrome de Burnout ou Síndrome do Esgotamento Profissional é definida pelo Ministério da Saúde como um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico, que resultam de situações de trabalho desgastantes. Apesar do problema impactar diretamente a saúde mental e estar ligado, sobretudo, ao trabalho, 43% dos trabalhadores se sentem desamparados para abordar questões de saúde mental com gestores ou colegas, temendo julgamentos e falta de empatia, segundo o estudo People at Work 2023.
O estigma em torno da saúde mental no trabalho é um desafio significativo, impactando tanto a qualidade de vida dos funcionários quanto a produtividade das empresas. Isso porque, no Brasil, a incidência do Burnout coloca o país como a segunda nação com mais casos no mundo, superado apenas pelo Japão, segundo informações da International Stress Management Association (ISMA-BR). Em 2023, cerca de 288.865 brasileiros foram afastados do trabalho devido a transtornos de saúde mental, segundo dados do Ministério da Previdência Social, evidenciando um problema crescente no ambiente profissional.
Diante desse cenário, as empresas têm a oportunidade e a responsabilidade de atuar como aliadas na conscientização e no apoio à saúde mental. No mês da campanha Setembro Amarelo, dedicada à prevenção do suicídio e à discussão sobre saúde mental, o Hub de Negócios e Comunicação Gotcha e a GT7, Unidade de Negócios do Grupo TODOS Internacional, reuniram seus colaboradores em um evento com o psicólogo e professor da USP Andrés Antúnez, mediado pela Head de Social, Margareth Furtado, para abordar a importância de se falar sobre saúde mental no ambiente de trabalho e promover um espaço mais acolhedor e compreensivo.
Para Antúnez, o arranjo típico das relações e das dinâmicas de trabalho, por si só, podem impactar a saúde mental. “No ambiente profissional, passamos oito horas ou mais convivendo com pessoas que têm histórias e pensamentos diferentes. Isso pode tornar as relações complicadas, gerando tristeza e ansiedade e, às vezes, as pessoas acabam explodindo”, afirma. O profissional reforça ainda que a busca por cuidado psicológico precisa ser desvinculada de estigmas que só fazem afastar as pessoas da ajuda de que necessitam. “É muito comum as pessoas acharem que procurar ajuda é um sinal de fraqueza, mas eu não vejo assim. Enxergo como um sinal de esperança”, diz Antúnez.
O psicólogo reflete ainda que as organizações podem adotar ações que promovam a abertura para o diálogo, a compreensão e o bem-estar. “As empresas podem investir em práticas que promovam a saúde mental, como aulas de meditação, academias e apoio psicológico. Essas iniciativas mostram cuidado com os funcionários e podem melhorar significativamente o ambiente de trabalho”, destaca Antúnez.
A falta de um ambiente de apoio pode contribuir para o agravamento de condições como depressão e ansiedade, levando a afastamentos prolongados e, em alguns casos, à incapacidade permanente. Para Damaris Dias, Gerente de Pessoas e Cultura da GT7 e da Gotcha, ter ações que foquem no bem-estar dos colaboradores traz benefícios para todas as pessoas envolvidas. “Esses esforços não apenas ajudam a reduzir o estigma, mas também melhoram o bem-estar dos funcionários e, consequentemente, a eficiência e o clima organizacional”, afirma Dias. Segundo a profissional, “ao abraçar a causa da saúde mental, as empresas não apenas protegem seus colaboradores, mas também investem no sucesso sustentável e no fortalecimento de suas equipes”.