Muitas pessoas associam o luto apenas à perda de um ente ou alguém querido. No entanto, ele também ocorre em diversos âmbitos, principalmente em relacionamentos, como os amorosos-românticos, englobando um conjunto de emoções e reações que podem ser vivenciadas após o término de uma parceria significativa. A psicologia oferece uma importante visão sobre esse processo, explicando as dores emocionais que acompanham cada etapa dele.
O psicólogo da UNINASSAU Petrolina, Bruno Henrique dos Santos, conta que, diante do rompimento, o indivíduo sofre o luto por reagir à perda do amor. “É comum a separação trazer uma dor que vai além do emocional. A pessoa que lida com esse processo pode entrar em um estado semelhante ao de alguém perdido e com baixa autoestima. Nesse momento, costumam aparecer sintomas físicos, como falta de ar, dores no peito, alterações no apetite, peso e sono, entre outros”, explica.
Geralmente, após o rompimento, surge a sensação de confusão e de não compreensão. “Na maioria das vezes, a pessoa ‘abandonada’ acaba sofrendo mais, pois quem tomou a iniciativa da separação costuma ter como resguardo um estímulo ou motivo para a decisão. Muitas vezes, é associado a um sentimento de renovação e alívio diante dos problemas que vinham causando angústia”, pontua Bruno.
Assim como no luto causado pela morte, as pessoas passam por um período de reajuste emocional e, de forma geral, enfrentam cinco estágios. O primeiro deles é a negação, no qual quem sofre se recusa a aceitar a realidade do término e continua nutrindo esperanças de que podem recomeçar. Após o impacto do fim, inicia-se o segundo, a raiva. Esse desperta sentimentos de injustiça e ressentimento, com tendência a culpar a outra parte pelo rompimento. A próxima etapa é chamada de “barganha”. Nesta, a pessoa tenta negociar consigo mesma ou com a outra, muitas vezes por meio de promessas de mudança ou esforços para reconquistar, maneiras de trazer o relacionamento de volta.
“Após esses três estágios, começa o processo de recuperação. A fase da tristeza traz sensações de vazio e solidão, bem como o sentimento de sentir-se perdido e sem esperanças. Por fim, surge a aceitação e a pessoa se sente pronta para seguir em frente, mesmo que isso signifique não estar totalmente feliz e/ou satisfeita com o término”, informa o psicólogo Bruno.
O luto pós-término de relacionamento pode se apresentar de diversas formas, sendo diferente de pessoa para pessoa. Apesar de doloroso, é um processo natural e necessário. Ele não deve ser visto como patológico, a menos que se estenda por um longo período. “Para lidar com essa situação de forma saudável, é importante permitir-se vivenciar as emoções. Negar ou reprimir os sentimentos pode prolongar o processo. Além disso, dedicar-se ao autocuidado e à autorreflexão, além de buscar rede de apoio profissional, são alternativas fundamentais para ajudar na jornada de recuperação”, finaliza.