Quando a ONG Ação de Cidadania foi criada há 29 anos, pelo sociólogo Betinho, o Brasil tinha 32 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza. A realidade de hoje é quase quatro vezes pior: são 116 milhões de pessoas vivendo em situação de insegurança alimentar. Esses números estarrecedores encontram alento em iniciativas na versão local do movimento, o Comitê da Ação da Cidadania, que é coordenado pelo jornalista Anselmo Monteiro. Na noite desta terça-feira (20), o vereador Almir Fernando realizou uma reunião solene para homenagear o movimento social. “Essa é homenagem honrosa e importante. Esse movimento é um instrumento de esperança, solidariedade, amor, compaixão, união, humildade e fé para as pessoas, principalmente para a população mais vulnerável”, disse o parlamentar.
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Câmara Municipal do Recife
Câmara do Recife homenageia movimento Ação de Cidadania
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Quando a ONG Ação de Cidadania foi criada há 29 anos, pelo sociólogo Betinho, o Brasil tinha 32 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza. A realidade de hoje é quase quatro vezes pior: são 116 milhões de pessoas vivendo em situação de insegurança alimentar. Esses números estarrecedores encontram alento em iniciativas na versão local do movimento, o Comitê da Ação da Cidadania, que é coordenado pelo jornalista Anselmo Monteiro. Na noite desta terça-feira (20), o vereador Almir Fernando realizou uma reunião solene para homenagear o movimento social. “Essa é homenagem honrosa e importante. Esse movimento é um instrumento de esperança, solidariedade, amor, compaixão, união, humildade e fé para as pessoas, principalmente para a população mais vulnerável”, disse o parlamentar.
A solenidade foi presidida pelo vereador Victor André Gomes (União Brasil), que fez a composição da mesa com o vereador autor do requerimento; o homenageado e coordenador da Ação da Cidadania em Pernambuco, Anselmo Monteiro; a ativista social e produtora cultural, Zélia Matos; a coordenadora da Ação pela Cidadania Pernambuco Solidário, Debora Sandrini de Lima Monteiro e o representante do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Pernambuco, Almani Galdino. Após a execução do Hino Nacional, Almir Fernando fez o discurso de saudação. “Caro amigo Anselmo, o seu trabalho e o da sua equipe é uma missão abençoada por Deus e que merece não só uma sessão solene, mas o reconhecimento de toda a sociedade”.
Discurso – Almir Fernando lembrou que a Ação da Cidadania surgiu em Pernambuco como movimento social em 1993, provocado por amigos do cartunista Henfil e teve como principal mobilizador em sua origem o sociólogo Herbert de Souza, o Betinho, “irmão do Henfil”, da famosa música “O Bêbado e a Equilibrista”. Em Abril de 1993, Betinho veio a Pernambuco para lançar a então campanha Ação da Cidadania no Recife. “O primeiro a ser convidado a apoiar foi o arcebispo Dom Helder Câmara que, em 1987 já havia idealizado uma campanha com objetivo semelhante, chamada “Ano 2000 Sem Miséria”. O religioso apoiou a iniciativa com entusiasmo e as mobilizações foram se espalhando espontaneamente”.
Ainda em dezembro de 1993, segundo Almir Fernando, o Recife foi uma das capitais brasileiras a receber um grande show com o mote “Natal Sem Fome”, com mais de 40 dos maiores cantores e artistas nacionais, dentre eles Chico Buarque, Gilberto Gil, Ivan Lins e Paulinho da Viola. Foi um grande marco na história da Ação. Alguns dias depois, em janeiro de 1994, Dom Helder celebrou o primeiro Ato Ecumênico de Oração pela Paz.
“Com tantos impulsos fortes, a Ação da Cidadania se tornou um grande fenômeno social no final da década de 1990, o que rendeu a indicação de Betinho ao Prêmio Nobel da Paz, apesar de não ter sido o escolhido, simbolizou a força do Movimento Social criado por ele.
Em toda essa efervescência, surgiu formalmente em 1998, o Comitê da Ação da Cidadania Pernambuco Solidário, que passou a representar o Estado na Coordenação Nacional da Ação, no Rio de Janeiro”.
Com a morte de Betinho, em agosto de 1997, segundo relatou o vereador, quem assumiu a coordenação nacional do movimento foi o economista pernambucano, radicado no Rio de Janeiro, Maurício Andrade. “Maurício à frente da Ação, não se esqueceu de ajudar sua terra natal com o incentivo à solidariedade. Neste período, desde meados da década de 1990 e a década de 2000, Pernambuco sofreu com alternância frequente de secas e enchentes muito graves. O alento aos mais sofridos passou por campanhas locais e nacionais promovidas pela Ação da Cidadania”. Maurício Andrade faleceu em 2007, exigindo um esforço ainda maior dos coordenadores de todo o Brasil para que a ação prosseguisse no País.
Almir Fernando disse ainda que “o Comitê da Ação Pernambuco Solidário muito contribuiu para o seguimento do trabalho, apoiando ações também nos estados da Paraíba, Alagoas e Maranhão, sem descuidar das ações aos mais pobres em nosso Estado”. Além da mais importante campanha Nacional, que é a Natal Sem Fome, segundo o parlamentar, em Pernambuco foram criadas outras mobilizações para montar um calendário anual de solidariedade. A campanha “Brinque na Paz” surgiu no Carnaval de 1996. Em 2005 surgiu a campanha “Mulher que Alimenta o Mundo”, entre março (Dia da Mulher) e maio (Mês das Mães). No ano 2001 surgiu a campanha “Prêmio Dom da Paz e Herbert de Souza de Cidadania”, celebrada entre Agosto e Setembro de cada ano.
Na pandemia, a Ação da Cidadania Pernambuco Solidário não parou de atuar, mesmo com todos os protocolos de saúde. O movimento não deixou de agir em prol dos mais carentes. “Em 2022, mesmo com a redução da Pandemia no país, o Comitê não parou de trabalhar, pois em maio deste ano, o nosso Estado foi castigado em algumas cidades, principalmente a RMR, com fortes chuvas. Neste momento, foi iniciada a campanha SOS Chuvas”.
Em quase 30 anos de atuação contínua, o Comitê da Ação da Cidadania Pernambuco Solidário, disse Almir Fernando, envolveu milhares de voluntários e arrecadou e distribuiu milhares de toneladas de donativos, que beneficiaram mais de um milhão de pernambucanos, paraibanos, alagoanos e maranhenses numa corrente solidária que terá prosseguimento na campanha Natal Sem Fome de 2022. “Finalizo minhas palavras, parabenizando mais uma vez esse guerreiro que é Anselmo Monteiro e todos da sua equipe pelo exemplo diário de cidadania e solidariedade”.
Após o discurso do vereador, os músicos Bob, na sanfona, e os cantores Tamar Moura, Antônio Paulino e Ed Carlos fizeram uma apresentação. O vereador Almir Fernando entregou o diploma em homenagem ao Comitê da Ação da Cidadania, ao coordenador do movimento, Anselmo Monteiro. Na sequência, o contador de história, Jorge Cajueiro, fez uma apresentação artística, seguida da apresentação de um vídeo, que fala sobre a fome que atinge milhões de pessoas no Brasil, a importância da Ação da Cidadania e o depoimento de diversas personalidades. O jornalista Anselmo Monteiro foi convidado a ocupar a tribuna para fazer suas colocações.
“O que seria da Ação se não fossem vocês, aqui, nos nossos eventos culturais? Inflamando de amor o nosso forró, Pernambuco, Brasil, nas estações de metrô, nas praças, as tv’s e a imprensa. Parabéns, irmãos da cultura, a todos os artistas de Pernambuco que estão aqui, com tanto amor no coração, que daqui vejo o brilho subir aos céus nas asas dos beija-flores. Vocês são os verdadeiros apagadores de incêndio pela música, arte e cultura”.
Anselmo disse que via os 30 anos do projeto iniciando já nesta quarta-feira (21), num evento que será realizado na comunidade Caranguejo Tabaiares, às 10h. Na ocasião, será feita a primeira distribuição desse ano, no Recife, do Natal Sem Fome. “Serão distribuídas 100 cestas do Natal Sem Fome e 40 botijões de gás para uma das comunidades mais carentes do Recife. Todos estão sofridos, mas o exemplo da solidariedade vai transformando o invisível no que é mais poderoso e afetivo: o amor”.
O jornalista elogiou Betinho, fez referências ao cartunista Henfil, Josué de Castro, Dom Helder Câmara e agradeceu a solenidade. “Em 1994, houve um Ato Ecumênico de Oração pela Paz, no Centro do Convenções, e Dom Helder convidou todas as linhas religiosas para participarem. Ali, eu me apaixonei pelo movimento. Todos estavam ao redor do Dom da Paz e, ao longo de 1994, foram mais de mil toneladas em arrecadação. A Ação da Cidadania é um círculo de igualdade e estamos aqui de mãos dadas. Rezemos um Pai Nosso e uma Ave Maria. Gratidão”.
No final, os cantores Amauri Nascimento e Ed Carlos se apresentaram. O presidente finalizou a reunião solene convidando a todos os presentes para que ouvissem o Hino da Cidade do Recife.