Estamos há exatos 05 meses da eleição presidencial de 2022. O Brasil adentra numa quadra histórica de enorme polarização política entre a candidatura do Luís Inácio – Lula e o atual Presidente Jair Bolsonaro. Por mais que os partidos ou os “ansiosos” da “Terceira Via” busquem encontrar um nicho no conjunto do eleitorado eles não conseguem, devido ao fato de terem sido tragados à medida que, no passado recente, ajudaram a construir a modelagem econômica que aí se encontra e que do ponto de vista de resultados econômicos não surtiu condições para a melhoria e bem-estar da grande massa populacional do país.

Assim, a parcela da sociedade que se sente representada na modelagem econômica neoliberal e ultraliberal que foi implantada entende que é melhor abraçar a candidatura-raiz do Jair Bolsonaro que expressa seu sentimento enquanto modelo econômico e ideologia, “ideal” da forma como veem o mundo.

A “Terceira Via” é vista pelo conjunto do eleitorado, sobretudo parte expressiva da classe média e segmentos das classes D e E, como sendo uma alternativa “genérica” à dosagem principal do espectro político que pode representa-la. É desse modo que por mais que a “Terceira Via” apresente nomes, dos mais variados credos políticos, eles não conseguem barrar a polarização existente entre o Lula e o Bolsonaro que será levada até os estertores finais da eleição de outubro.

Um outro aspecto importante é que temos uma estabilidade nos números apresentados pelas pesquisas nos últimos 12 meses, apesar de Jair Bolsonaro ter apresentado sinais a quase 90 dias atrás de um leve crescimento. Porém, essa trajetória voltou a permanecer num patamar de estabilidade e nos dias atuais com o Lula detendo, em média, 44% de intenções de voto no primeiro turno e Bolsonaro indicando um patamar médio de 34%. A permanecer esse cenário a probabilidade de encerramento da eleição ainda no primeiro turno mostra-se cada dia mais presente à medida que as variáveis eleitorais não vão sendo alteradas de maneira significativa.
Faltando apenas 05 meses da eleição o que vemos é um ambiente que, apesar da tensão e campanha existente, não tende a haver mudanças significativas, a não ser algum evento ou ato extremado que venha a ocorrer durante o processo eleitoral.

O ambiente político não mudará devido a incapacidade do Governo Bolsonaro de promover mudanças significativas no ambiente macroeconômico com a apresentação de resultados que tivessem a capacidade de se capilarizar pelo conjunto da economia e as pessoas pudessem sentir uma melhora significativa nas suas condições de vida e bem-estar.

Essa possibilidade é impossível de acontecer devido ao fato de a equipe econômica do governo ter perdido o controle das principais variáveis macroeconômicas que pudessem conduzir o pais a um novo momento de crescimento econômico e resultar em benefícios eleitorais ao Bolsonaro ao ponto de suplantar o candidato principal da oposição.
As variáveis como taxa de câmbio, taxa de inflação, taxa de juros básica (SELIC), taxa de desemprego etc. todas elas estão completamente fora de controle adequado para possibilitar o crescimento econômico. Pelo contrário, o cenário que vivemos é de estagflação (estagnação econômica e elevada inflação). A partir dessas variáveis básicas citadas acima nós temos um conjunto de efeitos conexos e vinculados que nos possibilitam afirmar que mesmo o governo possuindo excesso de arrecadação, via “imposto inflacionário”, reservas cambiais significativas, recursos no BNDES, CEF e BB ele não possui mais tempo administrativo e nem político para conseguir efeitos satisfatórios na economia, mesmo que passasse a tomar as medidas corretas de agora em diante.

Assim, o Governo de Jair Bolsonaro, como tendência, vai se encerrando e junto vai levando para o “túmulo” a maior promessa do “stablishment” global de provar a eficácia na implantação de um choque econômico de corte ultraliberal nos últimos 50 anos. Assim, os governos Temer e Bolsonaro serão uma enorme fonte de estudos e ensino na área da economia brasileira para mostrar para as futuras gerações de economistas que determinadas medidas desse tipo, dada a realidade brasileira não produzem resultados, a não ser com características catastróficas.

GERALDO F. S. JUNIOR – Bacharel e mestre em Ciências Econômicas-UFPB. Foi Secretário de Planejamento e Orçamento das cidades de Petrolina e Salgueiro – PE e atuou na área de planejamento da Prefeitura de Campina Grande – PB. Lecionou por 10 anos a disciplina de economia em várias faculdades no Nordeste. Atualmente é diretor da GR CIDADES – Soluções Estratégicas.