SÃO PAULO — A deputada federal Marília Arraes comunicou, nesta segunda-feira, ao ex-presidente Lula que deixará o PT. Ela deve disputar o governo de Pernambuco pelo Solidariedade. A ideia é que o candidato ao Senado na chapa de Marília seja o deputado André de Paula (PSD). Tanto Solidariedade quanto PSD fazem parte atualmente da base de apoio do PSB, que comanda o estado há 16 anos.
O anúncio de Marília pegou o comando do PT de surpresa. Ao longo do fim de semana, o partido havia aceitado lançá-la ao Senado na chapa que será encabeçada pelo deputado Danielo Cabral (PSB).
Marília, apesar ter decidido sair do PT, reafirmou que apoiará Lula na eleição para a Presidêncida da República. O ex-presidente, porém, tem compromisso com a candidatura de Cabral. No plano nacional, o Solidariedade caminha para fazer parte da aliança encabeçada pelo petista.
Marília Arraes divulgou hoje nota afirmando não ter sido consultada pelo Partidos dos Trabalhadores (PT) de Pernambuco sobre a vaga ao Senado pelo estado. Marília subiu o tom e disse que o partido usa seu nome como “massa de manobra”, e que o PT “fez de tudo” para inviabilizar sua candidatura em 2020, quando concorreu à Prefeitura de Recife contra o seu primo, João Campos (PSB).
“Não fui consultada e não autorizei que envolvessem o meu nome em qualquer negociação, menos ainda que tornassem público, como se fossem os senhores do meu destino, sobretudo após meses de desgaste político e público feito por meio da imprensa, escondido sob manto do off e notícias de bastidores”, declarou a parlamentar.
Neta do ex-governador Miguel Arraes (1916-2005), Marília começou a carreira política no PSB. Foi vereadora por três mandatos em Recife. Ela entrou em conflito com o grupo do ex-governador Eduardo Campos, seu primo, e acabou migrando para o PT em 2016.
Em 2018, se lançou como pré-candidata ao governo do estado, mas retirou seu nome após uma negociação entre o PT e o PSB. Sua retirada da disputa foi usada como trunfo pelo PT e por Lula para evitar o apoio do PSB a Ciro Gomes (PDT) na eleição presidencial daquele ano. Marília era vista como ameaça para a reeleição do governador Paulo Câmara (PSB). Na carta deste domingo, a parlamentar relembrou o episódio de 2018 e também de 2020, na disputa à prefeitura, em que obteve 43,73% de votos no segundo turno contra João Campos, que acabou eleito.
O Globo.