Em entrevista coletiva ontem (16) em Recife (PE), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva lamentou os retrocessos do Brasil e do Nordeste nos governos pós-PT, especialmente nos anos Bolsonaro, a quem chamou de governante totalmente irresponsável, sem preocupação com a verdade e sem compromisso social.
De acordo com o ex-presidente, a eleição de Bolsonaro é resultado de uma mentira montada para destruir ele e o PT, mas, sobretudo, para destruir o patrimônio industrial brasileiro. Lula lembrou o enfraquecimento da indústria de óleo e gás, em oposição ao cenário de otimismo que havia em seu governo com geração de empregos – 4,4 milhões ligados diretamente ao pré-sal – e construção da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, e de outras unidades pelo Nordeste.
“As decisões com relação ao pré-sal, como a Lei da Partilha, em que a Petrobras tinha prioridade, incomodaram petroleiras do mundo inteiro e governantes de alguns países que mandam na economia mundial. Assim chegamos ao golpe contra Dilma e à prisão de Lula”.
O ex-presidente lamentou também o fato de obras importantes para o Nordeste, como a Transposição do São Francisco e a Transnordestina, não terem continuidade como originalmente planejado.
Visita assentamento MST
Antes da coletiva, Lula visitou assentamento rural do MST em Moreno, na Região Metropolitana de Recife, e ressaltou a importância da agricultura familiar para o Brasil. “Se o pequeno produtor tiver incentivo do Estado, esse país jamais passará fome (…) A gente tem que lembrar sempre que o grande exportador do agronegócio não come o que ele produz. Quem produz o que vai para a mesa dele é o pequeno e o médio produtor brasileiro. E essa gente precisa ser valorizada!”.
Na coletiva, Lula também fez menção à importância da agricultura familiar e lembrou que os governos do PT fizeram a maior política de assentamento rural do país, com 52 milhões de hectares de terra destinados a essa finalidade. “Isso representa 51% de tudo o que foi colocado de terra nesse país em 500 anos. Nós fizemos em dez anos”.
Lula, que cumpre agenda de 11 dias pelo Nordeste, defendeu união para reconstruir a democracia brasileira, que está em processo de destruição. Além de Pernambuco, o ex-presidente passará por Piauí, Ceará, Maranhão, Rio Grande do Norte e Bahia.