No processo de ensino/aprendizagem sempre foi difícil definir os papéis da escola e da família. As inúmeras tarefas, trabalhos e avaliações devem ser retomados em casa, entretanto, podemos observar que se configuram duas situações distintas e igualmente problemáticas: de um lado a omissão de alguns responsáveis, de outro a superproteção em realizar as atividades pela criança.

Pelo lado da escola, o pensamento de muitas professoras acaba focado no simples desempenhar do papel docente de “ensinar algo a alguém” e, nesse caso, estamos falando de um “algo” acadêmico – curricular. Sem dúvida, este é um dilema, no qual os papeis nem sempre são desempenhados a favor da criança.

Com a chegada da pandemia e as orientações de isolamento social, as famílias tiveram que assumir de forma abrupta a tarefa de ensinar, antes vista como papel exclusivo da escola por muitos pais. Uma experiência que vem causando muitas reflexões e “confusões”, principalmente no que tange os aspectos emocionais. A arte de ensinar requer paciência, didática e conhecimento. Na contramão disto, temos mães estressadas, no seu limite, e crianças assustadas, confusas e isoladas. Mais traumas e angústia somados aos outros que a situação de distanciamento social vem provocando.

Do outro lado da “telinha”, professores se reinventando, aprendendo a ensinar pelas redes sociais e plataformas digitais, de forma remota sem o contato físico. De uma hora para outra, a educação a distância passou a ser a única possibilidade para professores que nunca haviam tido contato com esta modalidade de ensino. Um grande desafio para todos: os que ensinam, os que auxiliam e os que aprendem.

O que podemos esperar da era pós-pandemia? Quais as expectativas para o que estão chamando de um “novo-novo”? Será que teremos professores mais flexíveis e atentos aos limites de seus alunos? Será que encontraremos pais mais atenciosos e sensíveis ao aprendizado das crianças? E o estudante? Será que após essa experiência retornará para suas rotinas escolares mais comprometido e protagonista do seu aprendizado?

Muitas são as dúvidas sobre o rumo que a educação básica tomará após a retomada do que conhecemos como “normal”. O que podemos afirmar é que, no ano de 2020, a educação passou por uma grande transformação, que envolveu de forma direta professores, alunos e familiares.

Torçamos para que o que poderia ser um jogo de empurra-empurra entre escola e família se torne um ponto de partida para a revisão dos papéis e a construção de uma parceria e apoio mútuo entre pais e educadores. Que tenhamos como legado desta pandemia para a educação, professores mais tolerantes, pais mais comprometidos e estudantes mais interessados.

Autora: Fabiana Kadota é especialista em recreação e lazer, professora da área de Linguagens Cultural e Corporal, nos cursos de Licenciatura e Bacharelado em Educação Física do Centro Universitário Internacional Uninter.