Os candidatos à prefeitura de Petrolina, assinaram, nesta segunda- feira (26), uma carta em que denunciam autoritarismo, práticas do coronelismo e prepotência na administração pública municipal. Assinada pelos cinco candidatos à prefeitura de Petrolina, que fazem oposição à atual gestão: Delmiro Santos (PV), Marcos Heridjânio (PSOL), Gabriel Menezes (PSL), Julio Lossio Filho (PSD) e Odacy Amorim (PT). A carta propõe o fim da perseguição política, a valorização da liberdade de expressão e de imprensa, e o respeito à democracia visando uma cidade livre e aberta a todos os pensamentos políticos existentes.
Segundo o texto, os parlamentares da situação se tornaram submissos às determinações do prefeito, aprovando ou reprovando leis, dependendo do favorecimento ao gestor. A carta também faz críticas à falta de liberdade da imprensa local que, segundo o documento, recebe ameaças quando veicula alguma denúncia ou algo que possa atingir diretamente a gestão atual.
Na opinião do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), representado pelo candidato Marcos Heridjânio, o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff deve ser mencionado como um ato contra a democracia.
Leia na íntegra:
Carta Manifesto em Defesa da Liberdade
Ao momento em que Petrolina completou seus 125 anos, mostra-se necessário termos um olhar sobre um aspecto fundamental em qualquer sociedade moderna e que foi uma conquista ainda na Revolução Francesa de 1789 que é a busca pela Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
De lá para cá, já se passaram 231 anos, muita coisa mudou, contudo, a desigualdade persiste em nossa sociedade, condenando gerações e mais gerações a uma vida de restrições.
A liberdade, no entanto, ganhou força e tem sido o eixo central das democracias. Porém, sopros de autoritarismos ainda são observados vez ou outra em nossa sociedade.
Em Petrolina, temos observado nos últimos quatro anos um governo municipal claramente de viés autoritário em que o contraditório passou a ser motivo para retirar direitos e garantias básicas de um Estado democrático.
O jovem prefeito, cheio de espasmos autoritários, incorporou as velhas práticas do coronelismo e patrimonialismo de um sertão que não existe mais, porque o próprio sertão e o Nordeste ousaram ser grandes e modernos.
Em Petrolina, o que vimos foi pouco a pouco a sociedade se curvando a uma postura arrogante e prepotente que fere princípios, não só da administração pública, mas da própria civilidade tão necessária às democracias.
No Poder Legislativo Municipal, a maioria parlamentar do bloco do Prefeito transformou-se em submissão vergonhosa até mesmo quando esteve em jogo legislações que claramente atentavam contra os interesses da população, transformando a Casa do Povo na “casa da submissão”.
A impressa livre, outrora, fonte de críticas, muitas vezes até construtivas aos governantes de plantão, tornou-se silenciosa e, em alguns casos, a voz da bajulação reinante passou a ser o elemento central para usufruir de verbas de publicidade governamental. A TV local por diversas vezes realizou reportagens evidenciando falta de professores, médicos e/ou insumos, contudo, tais reportagens jamais foram veiculadas porque a ameaça de corte da verba de publicidade passou a ser a tônica midiática e praticamente silenciou um instrumento tão importante que é a TV.
Cargos comissionados, funções gratificadas e mesmo servidores do quadro efetivo da Prefeitura de Petrolina são tratados de forma acintosa e até impedidos de convívio social com pessoas que possuem pensamentos diferentes do governante municipal.
Na iniciativa privada, empresas de praticamente todas as áreas na nossa cidade recebem visitas políticas intimidatórias, solicitações não republicanas para afastarem funcionários ou pessoas contratadas apenas porque possuem ligações de amizade com opositores do prefeito.
Prédios públicos cujas cores deveriam espelhar as cores de nossa bandeira passaram a ter o azul como marca em alusão à cor de campanha do prefeito, sem que chamem a atenção dos órgãos de fiscalização e controle da administração pública.
Nas chamadas mídias sociais, as redes do prefeito não toleram a crítica e a exclusão ou ataques dirigidos fazem parte da rotina a quem se atreve a contestar o poder e até mesmo no WhatsApp qualquer áudio crítico ao prefeito logo vira processo por danos morais, o que tem inibido qualquer um de exprimir o sagrado direito da liberdade de expressão.
Empresários obrigados a patrocinar obras públicas virou uma rotina e não ousam nem questionar, sob pena de verem seus processos atrasados prejudicando seus investimentos e o crescimento da própria cidade. A imposição do medo passou a fazer parte do novo modus operandi de governar a cidade de Petrolina.
Este manifesto é uma reação firme daqueles que desejam uma cidade livre, democrática e aberta a todos os pensamentos políticos existentes, de todos os credos, de todas as raças porque essa união de todos, os que aqui nasceram e os que aqui chegaram, é que faz nossa Petrolina ser grande, viva, pujante e alegre.
Neste momento o medo precisa dar espaço ao grito de liberdade e assim fazer valer a letra da música que diz: “Liberdade, liberdade! Abra as asas sobre nós e que a voz da igualdade seja sempre a nossa voz”.
Postagem enviada pela assessoria de Julio Lossio Filho.