Embora pareça ser um assunto sem importância, há diversos estudos que tratam deste tema. Por que o “tocar” é objeto de pesquisas? Primeiramente, vejamos o que significa o termo tocar: colocar-se em contato com alguém; encontrar; “minhas mãos tocaram nas dela; nossos lábios se tocaram”. Portanto, tocar é, na realidade, um encontro. Consequentemente, o encontro geralmente se concretiza quando há um toque.

Quero retratar aqui o encontro de pessoas na forma presencial, ou seja, da importância do toque para uma pessoa, tanto em dar como em receber.  O antropólogo e humanista inglês Ashley Montagu ao escrever o livro Tocar – o significado humano da pele, descreve a pele como o primeiro órgão de comunicação humana, sendo uma porção exposta do sistema nervoso.

Lamentavelmente, com o passar do tempo, a cultura humana em algumas situações, ensina que tocar nem sempre é bom, ou seja, é feio, inapropriado e mal-educado. O controle social “antitoque“ vence, e por aparências e convenções sociais deixamos de ir ao encontro do outro com o toque do abraço.

O toque considerado mais natural e aceito socialmente é o da mãe para com seus filhos. A figura do pai (masculino) já não deve tocar, não fica bem. Ainda mais homem para com outro homem. Bom, as opiniões são muitas e diversas.

Mas precisamos refletir, o toque realmente é importante em nossas vidas?

Sim, fundamental!

Observe por exemplo, quando se perdoa alguém sobre algo, o que é importante para selar o perdão? Um abraço. Como é importante este abraço a quem recebe, e a quem o oferece nesta ocasião. Não pode haver um reencontro somente com uma frase, com um símbolo, é preciso um aperto de mão (toque), um abraço (toque), um beijo (toque).

Nessa reflexão, compreendemos que é necessário o tocar para o ser humano. Ajuda até em adquirir resistência contra doenças, criamos anticorpos. O afago, o carinho, a expressão de amor traduzida no toque afável, traz bem-estar a quem recebe e a quem oferta.

Neste momento que estamos passando, a pandemia causada pela covid-19, exigiu distanciamento social, mas trouxe a proximidade inesperada de quem já estava perto, e distante ao mesmo tempo.

Por outro lado, quantas situações foram reveladas? Infelizmente, apareceu até a violência, por ter de suportar a presença do outro que antes estava rotineiramente longe, cumprindo suas obrigações profissionais. Agora tão perto, a um toque apenas.

Outros ainda insistem que o toque na tela de um celular é suficiente para aproximar centenas de contatos. Será mesmo aproximação? Ou será que as mantêm a uma distância segura, longe de um toque humano?

Autor: Daniela Belter Ferreira Ceni é especialista em Tecnologias Aplicadas à Educação, Gestão Comercial e Marketing Digital. Professora da área de Inovação, Regulamentação, Formação e Qualidade do Centro Universitário Internacional Uninter.