Nas últimas semanas, emissários do Palácio do Planalto procuraram alguns senadores para oferecer a liberação de R$ 30 milhões em emendas extras.
Cada congressista tem o direito de indicar, por ano, o valor de R$ 15 milhões em emendas impositivas. Esse valor duas vezes maior, oferecido para alguns senadores, é um dinheiro a mais que está sendo distribuído às escondidas e sem critérios claros.
O senador Major Olímpio, líder do PSL, disse a O Antagonista que, há um mês, uma pessoa entrou em contato com ele em nome do Planalto para dar a notícia.
“A pessoa, em nome do governo, disse que já poderia enviar as planilhas e que o valor seria pago em 30 dias. Eu perguntei se aquele dinheiro era para todos os senadores. Diante da negativa, eu recusei.”
Olímpio e outros senadores do grupo “Muda, Senado” não têm dúvidas de que essas emendas estão sendo usadas pelo governo na tentativa de aumentar sua base de apoio no Senado. Há ainda a suspeita de que Davi Alcolumbre, que busca uma brecha político-jurídica para tentar a reeleição, também esteja, no mínimo, ciente dessas negociações.
“Eu não vou cair em toma lá, dá cá de forma alguma. Nem em armadilha de recursos para a saúde. O governo quer ver se me alicia. E eu não vou cair nessa”, acrescentou Olímpio.
Em fevereiro deste ano, O Antagonista mostrou, com exclusividade, como, no apagar das luzes de 2019, um grupo privilegiado de congressistas conseguiu arrancar do Executivo um total de R$ 3,8 bilhões em créditos suplementares enviados para o Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), então comandado por Gustavo Canuto. Os convênios foram negociados diretamente no ministério pelo grupo de líderes partidários ligados preferencialmente a Alcolumbre – sem critério conhecido e em detrimento da maioria dos parlamentares.
O Antagonista