O descaso do Governo Federal em relação à pandemia se aprofunda quando se trata da contaminação dos povos indígenas. A afirmação foi feita, na Reunião Plenária da última quinta (4), pelo deputado João Paulo (PCdoB). Segundo ele, na região amazônica, onde está concentrada a maior quantidade de mortes e casos de infecção, 88 etnias foram atingidas e 180 índios morreram em decorrência da Covid-19. “Nas aldeias existentes em Pernambuco, seis pessoas já perderam a vida, inclusive um bebê, e 89 estão contaminadas”, lamentou.

O parlamentar classificou a situação como “alarmante”, frisando que a proliferação da doença entre os povos originários tem ligação direta com a omissão da União. Ele repercutiu a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra a Fundação Nacional do Índio (Funai), que não estaria utilizando os R$ 10,840 milhões que recebeu para apoiar os indígenas em ações de proteção e combate ao novo coronavírus. “Desde o dia 2 de abril, a instituição foi autorizada, por medida provisória, a empregar esses recursos, mas, até agora, não o fez”, alertou.

João Paulo destacou que a ausência de políticas públicas nas aldeias agrava, ainda mais, a situação dos índios. “Apesar de as tribos terem bloqueado as fronteiras e se mantido isoladas, a propagação ocorre porque os indígenas moram e dormem juntos, o que facilita a disseminação do vírus”, explicou.

Além disso, a falta de assistência do Governo Federal estaria contribuindo para a contaminação se alastrar. “É um projeto genocida contra os mais vulneráveis, como já aconteceu nas crises da varíola e do sarampo. Vemos um processo de extinção desses povos. Vidas indígenas e vidas negras importam”, frisou.

Tragédia – Ainda no pronunciamento, o parlamentar comentou a morte de uma criança de 5 anos de idade que caiu, na terça (2), do nono andar do Edifício Píer Maurício de Nassau, no Centro do Recife. O menino era filho de uma empregada doméstica, que trabalhava no prédio. “Esse caso revela a triste realidade do trabalhador brasileiro. A mãe teve de levar o filho ao emprego porque não tinha com quem deixar.”