Nos bairros mais periféricos de Juazeiro e Petrolina, combater o coronavírus é um desafio. Da dificuldade de comunicação à falta de itens essenciais, como alimentos e água nas torneiras moradores enfrentam obstáculos diários e contam com a solidariedade para enfrentar o isolamento social.
A dona de casa Angélica Santos é avó e diz que está em isolamento social, mas é muito difícil cumprir as regras “direitinho”. Ela mora no bairro Tabuleiro. “Os meus netos ficam vendo apenas televisão o tempo todo. Não temos internet. Internet é muito cara. Custo de vida muito dificil”.
Quem mora no bairro e não tem internet reclama que fica isolado do resto da cidade. O motivo é, justamente, a falta de comunicação. “São poucos os moradores que tem em casa rede de internet paga, a maioria tem no mínimo conta móvel de vinte reais mês, que acaba logo, às vezes, fica sem o serviço logo na primeira semana do mês”.
Uma das jovens conta que a oportunidade de trabalhar em home office foi perdida “Não posso pagar uma operadora. É muito complicada a situação aqui”, diz Luzia.
De acordo com Luzia é nesta hora que se percebe o quanto os serviços públicos estão longe das comunidades periféricas, afastadas das necessidades essenciais. “Imagino que o certo era o bairro ter sinal de uma rede de internet acessível e assim possibilitar comunicação e chance de trabalhar nesse período de pandemia. Trabalha em casa e tem entretenimento via internet aqueles que têm dinheiro e condições de pagar”, conclui Luzia.
Em Petrolina, na região do Condomínio Vivendas, o comunitário Ronaldo Pantanal, reivindica que a internet deveria ser pública. Ele defende que neste período de pandemia, água, energia deveriam ter os pagamentos suspensos. “Quem quiser se comunicar tem que pagar em média entre R$ 20 a R$ 60 para ter internet, que é de péssima qualidade quase todos os dias tem problemas. Nos apartamentos não tem sinal de celular. O que tem muito é emaranhado de fios “.
O coordenador geral do Conselho Popular de Petrolina, Rosalvo Antonio, ressalta que em termos de comunicação a internet passou a ser tão importante no dia a dia da comunidade o quanto ar e água é fundamental para a vida.
“O grande problema é que os moradores, as pessoas que trabalhavam e que agora estão em casa por causa da quarentena, tem enorme carência, inclusive de feijão, arroz para o sustento familiar. Mas difícil ainda é ter condições para pagar a internet. o que deveria ser direito assegurado pelo poder público, pelo menos para as comunidades mais carentes”, afirma Rosalvo.
redação redeGn Fotos: Ney Vital