Desde janeiro, Luis Arce, candidato do partido de Evo, subiu 5% nas pesquisas, e aparece com 31,6%. Já Luis Fernando Camacho, apoiado por Bolsonaro, cai e está com 9,6%
Evo Morales e Luis Arce (Foto: reprodução Twitter)
Por Victor Farinelli
Faltando dois meses e meio para as novas eleições gerais na Bolívia, o candidato do MAS (Movimento Ao Socialismo), partido de Evo Morales, abre uma vantagem na disputa, que poderia significar uma possível vitória já no primeiro turno.
Em pesquisa divulgada neste domingo (16), realizada pela consultora CiesMori, em parceria com a emissora Unitel (uma das mais assistidas do país), o economista Luis Arce aparece com 31,6%, o que significa um crescimento de 5% com relação aos números de janeiro – onde, além disso, não aparecia seu nome na pesquisa, mas sim a opção “candidato do MAS”.
Arce foi ministro da Economia durante a maior parte do governo de Evo Morales, entre 2006 e 2017. É considerado um dos maiores responsáveis pelo sucesso econômico do país durante a gestão do MAS, o que ajudou muito a sustentar o líder indígena no poder.
Anúncio dos números da pesquisa CiesMori, no telejornal noturno do canal Unitel.
Em segundo lugar aparece o jornalista Carlos Mesa, que ficou estagnado em comparação a janeiro, com 17,1% das intenções. Mesa foi o adversário de Evo Morales em outubro, e sua postura após a derrota, alegando que houve fraude – ou que jamais ficou provado –, desencadeou o golpe de de Estado civil-militar do dia 10 de novembro de 2019.
A ditadora Jeanine Áñez, que assumiu o país por imposição das Forças Armadas, no dia 12 de novembro, já aparece em terceiro lugar, com 16,5%. Depois de Arce, ela é quem mais cresceu de janeiro até aqui, com um salto de 4%.
Porém, mesmo que a tendência a faça ultrapassar Mesa e assumir o segundo lugar, isso não servirá de muito se não conseguir se aproximar mais de Arce, já que a lei eleitoral boliviana prevê que um candidato com mais de 40% dos votos válidos e uma vantagem de mais de 10% sobre o segundo colocado estaria eleito já no primeiro turno – e o levantamento da CiesMori indica que esse cenário é possível.
Já Luis Fernando Camacho, o candidato apoiado por Jair Bolsonaro na Bolívia, foi a grande decepção da pesquisa. Em janeiro, o líder do Comitê Cívico de Santa Cruz – grupo regionalista da região sudeste do país, de tendência separatista e claro discurso racista contra a maioria indígena do país – tinha 17% e estava literalmente empatado com Mesa no segundo lugar. Agora, aparece com apenas 9,6%, uma queda de quase 8% em suas intenções.
Camacho também foi um dos líderes do golpe de novembro passado, quando chegou a realizar um ato improvisado com uma bíblia, pouco depois de invadir o Palácio Quemado (sede do Poder Executivo boliviano), já com Evo Morales deposto. Meses antes, ele chegou a se reunir com o chanceler Ernesto Araújo no Itamaraty, e desde então não esconde sua boa relação com Jair Bolsonaro, que usa como apoio regional durante a campanha.
Os outros quatro canditados juntos somam 8,1%. Os que pretendem votar em branco ou nulos são 7,5%. Os que não quiseram revelar seu voto foram 2,2%, e outros 6,5% disseram ainda não saber em quem votar.
As eleições gerais na Bolívia ocorrerão no dia 3 de maio. No caso das presidenciais, a disputa poderia ir para um segundo turno que, se for necessário, será no dia 14 de junho.