Mirella Araújo. JC
O presidente do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), Odacy Amorim, afirmou não concordar com a devolução dos cargos ocupados pelos petistas no governo do PSB em detrimento ao lançamento da candidatura da deputada federal Marília Arraes, pela Prefeitura do Recife. De acordo com Odacy, que tem seu nome colocado para disputar a prefeitura do município de Petrolina, no Sertão do Estado, “as relações não são construídas assim, toma um cargo e me dá apoio”.
“Essa é uma discussão muito prematura, nós teremos tempo para esse diálogo. Ao mesmo tempo, nós temos que ter um desprendimento. Se em algum momento o PT optar por ter candidatura própria no Recife e os cargos no governo forem um fator para definir isso, evidente que vamos ter que respeitar”, declarou Odacy, que esteve presente nesta quarta-feira (29), no Palácio do Campos das Princesas durante o anuncio do terceiro edital do Programa Força Local.
O posicionamento de Odacy, difere do senador Humberto Costa, que em entrevista a Rádio Jornal, na segunda-feira (27). Para o parlamentar, que defende a permanência do partido na Frente Popular, a situação com o PSB ficaria “insustentável”. “Acho muito difícil manter (a relação com o PSB). Com toda certeza o partido seria obrigado a sair do governo”, afirmou. No entanto, o presidente do IPA disse que cabe as lideranças dos dois partidos definirem essa questão. “Estou muito tranquilo. Se por acaso acontecer de o partido entregar os cargos, estou a disposição. Mas, gosto muito do IPA e não deixarei de ser aliado do governador. No final vai ficar tudo bem”, comentou.
A respeito da postulação em Petrolina, em que há um cenário semelhante ao do Recife no sentido do PSB, com o deputado estadual Lucas Ramos, e o PT também ensaiarem palanques distintos, Odacy tem se colocado como o candidato do ex-presidente Lula. Entretanto, o petista afirmou que também irá aguardar o posicionamento do governador Paulo Câmara a respeito desse cenário. “O presidente Lula me disse que vai para Petrolina comigo, e isso me deu muita animação. O povo também tem demonstrado um carinho especial. Então, não quero cargo em troca de apoio. Votei no governador de forma muito serena. Enquanto muitos aliados não colocavam o retrato do governador na campanha, o meu era colado”, afirmou.
PAULO CÂMARA
Assim como o prefeito Geraldo Julio (PSB), o governo Paulo Câmara (PSB) evitou se posicionar nesta quarta-feira (29) sobre as movimentações do PT Nacional a favor do lançamento da candidatura de Marília Arraes (PT) à Prefeitura do Recife nas eleições municipais. Caso o nome dela se concretize, o PT estará em palanque oposto ao PSB, que deve ter João Campos como candidato.
Sobre a defesa do nome de Marília pelo ex-presidente Lula, a presidente do PT, Gleisi Hoffman e outros dirigentes nacionais do partido, o governador afirmou que “isso faz parte da política”. “Eu acho que o momento é de discutir questões administrativas. A eleição está longe, a população não quer saber isso e eu como governador principalmente, até porque eu tenho muito o que fazer em Pernambuco, muito o que trabalhar e é isso que a gente está fazendo aqui”, disse Paulo, que é vice-presidente nacional do PSB.
Questionado se a candidatura de Marília afetaria a permanência do PT na aliança com o PSB, Paulo limitou-se a responder que não discutiria o assunto. “Eu não vou antecipar discussões eleitorais, não cabe a mim”, disse.
GERALDO
Também nesta terça-feira (28), Geraldo Julio (PSB), considerou natural o desejo de dirigentes do PT nacional em lançar a candidatura de Marília Arraes. “Eu vejo com naturalidade, mas o que nos preocupa nesse momento não é a eleição, é a gestão, é a gente poder trabalhar e fazer aquilo que é importante para a população”, disse.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, afirmou em entrevista à Rádio Jornal, que não temia disputar a eleição com Marília e considerou João Campos como o candidato “mais competitivo”.