Entre 2012 e 2018, 5.625 policiais militares (PMs) foram afastados das atividades por transtornos mentais em Pernambuco, principalmente por depressão. O número foi ressaltado pelo deputado Joel da Harpa (PP), em discurso no Grande Expediente desta terça (13). O parlamentar informou, também, que dez PMs cometeram suicídio entre 2014 e 2018.

“É preciso que haja uma política pública voltada para a saúde mental dos policiais em Pernambuco. Precisaríamos ter psicólogos disponíveis para esses profissionais em cada quartel e em cada delegacia do Estado”, destacou o deputado do PP. Ele defendeu que a Frente Parlamentar de Segurança Pública da Alepe realize uma audiência pública sobre o tema.

Ainda segundo Joel da Harpa, a Corregedoria da Polícia Militar de Pernambuco estaria perseguindo alguns PMs que estão afastados das funções por causa de transtornos mentais. “São feitos processos de licenciamento (expulsão de PMs que ainda não têm estabilidade) porque alguns estão exercendo outras tarefas enquanto estão afastados do trabalho policial”, relatou o deputado.

“É uma situação ingrata. Faltam direitos ao policial enquanto trabalhador e, ao mesmo tempo, sobram exigências institucionais e da população”, considerou. “De um lado, há pessoas que tratam o policial como herói e, do outro, as que constroem a ideia dele apenas como um instrumento de opressão estatal. Ambas as visões desumanizam o profissional de segurança”, acredita o parlamentar.

O pleito de Joel da Harpa foi apoiado por outros deputados em apartes. “Vemos também muito policiais que desenvolvem dependência de álcool e drogas quando passam para a reserva remunerada”, observou Delegado Erick Lessa (PP).

Alberto Feitosa (SD) relembrou sua experiência quando chefiou o Centro de Assistência Social (CAS) da Polícia Militar, entre 1999 e 2001. “Já naquela época, a equipe de psicologia detectou um grande número de policiais com problemas psicológicos. A sociedade precisa ter compreensão das exigências que são feitas à corporação”, frisou.

Por fim, João Paulo (PCdoB) pediu que a possível audiência pública sobre o tema seja realizada em parceria com a Comissão de Cidadania e Direitos Humanos. “No Brasil, a profissão de policial com certeza é a que gera mais estresse”, pontuou.