Grande Rio FM

As opções não eram as melhores: andar de fusca ou de camburão a depender do lado escolhido na batalha pela aprovação de uma moção de aplausos na Câmara Municipal de Petrolina. Proposta pelo vereador Aero Cruz, a homenagem foi destinada a equipe organizadora do Carnaval da cidade. Os oposicionistas protestaram contra o requerimento e relembraram o incidente no Polo da Orla, quando no show de Devinho Novaes, a população superou as expectativas e após os portões fechados pela organização do evento, foliões retiraram partes do fechamento e invadiram o local.

Ao justificar a moção de aplausos, o líder da situação assegurou ter ouvido elogios do publico que compareceu ao evento e que sua realização quebrou o tabu da cidade realizar apenas os festejos juninos. “Graças a essa equipe, Petrolina mostrou tanto para a população da cidade quanto para a população de fora e os turistas que Petrolina também tem Carnaval”, reforçou Aero.

O líder da oposição, Paulo Valgueiro, impediu que a homenagem fosse votada em bloco, com os demais requerimentos, pedindo destaque da proposta. Apreciada em separado, a moção foi alvo direto de críticas do oposicionista. “A gente entende que a realização de eventos, obras é uma obrigação do gestor. Ele não está fazendo nenhum favor para a população na hora que ele está fazendo qualquer coisa. Eu não vejo porque a gente fazer puxassaquísmo com moção de aplausos pela simples realização de um carnaval, quando a está vendo a cidade totalmente esburacada”.

A declaração de Valgueiro foi contra-atacada imediatamente por Zenildo Nunes. “Na gestão passada cansei de ver aqui colega colocando moção de aplauso para o São João”.

Após a manifestação de Zenildo, Gabriel Menezes cobrou a contagem do tempo que a mesa diretora colocasse para falar apenas os vereadores inscritos. Na ordem, o próximo a se manifestar seria Aero Cruz. Mas ele cedeu a vaga. “Pode colocar a oposição que ela já está ensaiada na sequência”.

A declaração de Aero atiçou ainda mais a saraivada de críticas. “O líder da bancada situacionista deveria apresentar um projeto aqui para modificar o regimento da casa para permitir aqui as moções de bajulação. (…) Ninguém venha aqui com bajulação, com babação, querer nos usar como cortina de fumaça não”, disparou Gabriel Menezes relembrando o episódio do Polo Orla. Cristina Costa estava no local e reiterou. “O Polo da 21 (de Setembro) parabéns, mas naquele Polo da Orla eu estive presente. (…) Carnaval é uma festa popular, é uma festa liberal. A gente não pode selecionar quem vai assistir a banda e quem vai ficar fora da banda porque todos os cidadãos e cidadãs pagam seus impostos”. Para Gilmar Santos, o povo foi tratado como gado. “Quando se pensa nesse curral que foi feito no Polo da Orla a lembra que é uma representação de como o governo trata o povo”.

Mesmo diante do discurso unificado da oposição, ao se pronunciar, Cruz manteve o foco em Gabriel Menezes. E atacou. “Vem os veadores de oposição, que até ontem estavam bajulando Júlio Lóssio, que até ontem estavam em cima do palanque gritando o nome de Júlio Lóssio e o abandonou (sic). Graças a Deus fizemos o carnaval, está tendo o reconhecimento da população e só tem quatro ligado a Julio Lóssio falando mal e esses quatro cabe dentro do fusca porque hoje ninguém quer saber de Julio Lóssio”.

Em resposta, Gabriel Menezes relembrou até dívida de cachê antigo. “Eu não fui apresentador somente do São João de Júlio Lóssio não. Em 2004 eu fui apresentador do São João de Fernando Bezerra. E se vossa excelência procurar lá algum recibo do meu cachê de locutor não vai achar, sabe por quê? Porque eu levei um calote do seu senador”. Sobre a ironia disparada por Aero, sobre a oposição caber num fusca, Menezes devolveu. “Prefiro mil vezes voltar a dirigir o fusca de Júlio Lóssio do que me arriscar a andar no camburão da Lava Jato”.