Por Guilherme Mazui, Gustavo Garcia e João Cláudio Netto, G1 e TV Globo — Brasília

O novo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse neste sábado (2) que vai determinar apuração para saber se houve tentativa de fraude na primeira votação da eleição para a Presidência da Casa, que acabou anulada.

Na hora da apuração, descobriu-se que havia 82 cédulas de papel depositadas na urna para um total de 81 senadores – 80 cédulas estavam dentro dos envelopes correspondentes, mas duas cédulas estavam soltas, sem envelope.

Diante do protesto de senadores, a votação teve que ser refeita. Alcolumbre foi eleito com 42 votos.

“Como presidente, agora, vou determinar que seja apurado o que aconteceu, se foi um envelope a mais ou se foi realmente essa suspeita [de tentativa de fraude]”, afirmou Alcolumbre em entrevista após o fim da sessão.

O senador disse que não queria se antecipar aos fatos e que era preciso esclarecer o que tinha acontecido antes de dizer que houve, de fato, uma tentativa de fraudar o pleito.

“Eu tenho que avaliar. Parece que tem uma filmagem ou alguma coisa aí. Eu não queria me antecipar aos fatos porque parece que houve uma fraude na eleição. O que há é que tinha um envelope a mais e pode ter sido na hora da contagem. Eu não quero me manifestar em relação a isso”, afirmou.

O senador José Maranhão (MDB-PB), que conduzia a sessão da eleição, negou à imprensa ter visto para quem eram os votos contidos nas duas cédulas avulsas.

“Não [vi]. E, se tivesse visto, não dizia nem a você [jornalista] e nem a ninguém”, afirmou.

E acrescentou: “Não, você me viu olhando o lado inverso e anverso. Eu não quis abrir porque a minha curiosidade me levava a ver em quem era o voto e a minha opinião era, para maior lisura, para maior transparência, era a anulação da eleição”.

Imagens feitas pela TV Globo revelaram que os votos das duas cédulas sem envelopes depositadas na urna da eleição para a presidência do Senado foram dados para Renan Calheiros.

Maranhão confirmou que as 82 cédulas estavam assinadas por ele – procedimento para validar a cédula antes de entregá-la para os senadores votarem.

“Não foi uma cédula a mais. Foram duas cédulas e, em vez de um envelope e uma cédula, tinha uma cédula dentro da outra”, afirmou.

Segundo ele, quem entregava as cédulas aos votants era [o senador] Fernando Bezerra.

“Eu e ele rubricávamos e ali, naquela pressa, nós rubricamos. Você está rubricando a cédula e o envelope. O envelope você rubricava na capa do envelope e a cédula, no verso da cédula. É muito fácil você, ao invés de rubricar um envelope e uma cédula, rubricar duas cédulas. E foi o que aconteceu”, declarou.

De acordo com Maranhão, “a desonestidade foi de quem recebeu a cédula e votou”.

“Qual era o senador que podia confundir uma cédula com um envelope?”, indagou.