“Ele me dá medo”, afirmou o economista
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Vencedor do Nobel de Economia de 2013 lembrou que também ouviu um discurso moderado por parte de Donald Trump, presidente dos EUA

Estadão Conteúdo

Celia Froufe e Jamil Chade, enviados especiais

Uma mistura de medo, interesse e certa satisfação. Foi assim que empresários, economistas e a elite da finança internacional receberam, no Fórum Econômico Mundial, em Davos o discurso do presidente de Jair Bolsonaro – que, em menos de dez minutos, tentou convencer o mundo de que o Brasil “mudou”.

“O Brasil é um grande país. Merece alguém melhor”, disse o americano Robert Shiller, prêmio Nobel de Economia. “Ele me dá medo”, insistiu.

O americano lembrou que também ouviu um discurso moderado por parte de Donald Trump, presidente dos EUA. “Vi Viktor Orban (presidente da Hungria) em um discurso e ele também parecia moderado e razoável”, apontou. Após tecer vários comentários surpreendentes a respeito de lideranças mais à direita no mundo, incluindo Bolsonaro, ainda rindo disse: “Eu tenho que parar de falar. Não posso falar sobre o Brasil de novo”.

Um banqueiro alemão, que não quis ser identificado, reclamou da falta de informações. “Ele deu manchetes. Mas nós queremos detalhes”, insistiu. “Talvez não haveria como pedir mais dele”, ironizou.

O presidente da Iberdrola, José Ignacio Galán, acredita que o discurso serviu para deixar claro “o que o governo pensa”. “Sinto pelos jornalistas, que não têm muitas manchetes”, disse. “Ele deu uma visão bastante técnica. Também falou de como quer as contas do país estabilizadas e, acima de tudo, que quer transformar o Brasil numa das 50 melhores lugares para se fazer negócios. Isso é fundamental para atrair parceiros”, afirmou.

Ricardo Marino, chairman do Itaú na América Latina, acredita que o discurso serviu para “educar” aqueles que não conhecem o Brasil. “Obviamente que o investidor quer saber de mais detalhes Mas para quem não está educado sobre o Brasil, ele vê que novo ciclo chegou”, disse. “Foi genérico, ele leu. Mas passou a mensagem para educar a média daqueles que não sabem o que é o Brasil”, apontou.