Uma proposta de campanha do presidente eleito Jair Bolsonaro para facilitar o acesso a armas de fogo no Brasil foi alvo de críticas do deputado Isaltino Nascimento (PSB) durante a Reunião Plenária desta segunda (19). O socialista repercutiu uma estimativa, veiculada na imprensa, de que a medida pode tornar 63 milhões de brasileiros aptos a comprar esse tipo de armamento. “É um absurdo”, avaliou.
Segundo o parlamentar, especialistas apontam que a mudança deve ter pouco impacto na diminuição de crimes e, ao contrário disso, poderá aumentar os casos de acidentes fatais, suicídios e feminicídios (assassinatos de mulheres em contexto de discriminação de gênero, como em situações de violência doméstica). “As consequências podem ser desastrosas. As estratégias para reduzir a violência deveriam passar por oferecer mais condições às polícias, avançar em programas sociais e acolher pessoas em vulnerabilidade, que são a maioria no Brasil”, comentou Nascimento.
Líder do Governo na Casa, ele acredita que o trabalho das forças de segurança, inclusive, deve se tornar mais difícil. “As pessoas vão comprar armamentos e levá-los a espaços coletivos. Imaginem um desfile do Galo da Madrugada e a polícia ter de cuidar para que não haja armas no meio da festa”, conjeturou.
Em apartes ao discurso, deputados divergiram do socialista. Alberto Feitosa (SD) disse que a hipótese de que as pessoas iriam armadas ao Carnaval “leva ao espanto e ao terror”. Para ele, o presidente eleito está sendo alvo de críticas sem sequer ter assumido e levado a proposta, de fato, ao Congresso Nacional. “O problema é que a marginalidade pode comprar armas de toda sorte e o cidadão de bem não tem o direito de se proteger”, argumentou. “A gente tem de pensar principalmente em quem vive na zona rural”, pontuou Antônio Moraes (PP), lembrando que em regiões afastadas o policiamento leva tempo para atender a eventuais ocorrências.
Na avaliação de Rodrigo Novaes (PSD), a quantidade elevada de crimes tem criado o desejo nas pessoas de ter acesso facilitado às armas. “Ninguém aguenta mais tanto bandido fortemente armado, crime organizado, grupos de extermínio. Isso gera um sentimento de desesperança”, analisou. “O Congresso Nacional tem um encontro marcado com esse debate”, acrescentou Sílvio Costa Filho (PRB), eleito deputado federal.