Foto: Roberto Soares

Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, a deputada Simone Santana (PSB) foi à tribuna no Grande Expediente desta segunda (18) para condenar a atitude do pernambucano Diego Valença Jatobá, cujo comportamento machista foi flagrado em vídeo gravado na Rússia. A parlamentar vai apresentar um Voto de Protesto contra o homem e defendeu que a Casa também faça o mesmo.

O ex-secretário de Turismo, Cultura e Esportes de Ipojuca (Região Metropolitana do Recife) foi identificado em filmagem que mostra um grupo de torcedores brasileiros ridicularizando uma estrangeira com palavras e gestos obscenos. “Fizeram referências chulas ao corpo da jovem em português, sem que a vítima pudesse entender o que eles falavam”, contou Simone. “Foi um episódio constrangedor, que gerou indignação em todo o País e além das nossas fronteiras.”

As imagens foram divulgadas pela rede pernambucana Mete a Colher e, segundo a socialista, “viralizaram nas redes sociais e nos veículos da imprensa”. Para ela, o caso de Jatobá é mais crítico que o dos demais rapazes: “Ele foi secretário, até 2012, de um dos principais destinos turísticos do País, conhecido pelas belas praias, mas que tem o turismo sexual como desafio”. A deputada ainda ressaltou o caráter cíclico do assédio que, de acordo com ela, “começa com falta de respeito e culmina na violência máxima, que é o feminicídio”. “É nessas horas de relaxamento e descontração que o machismo arraigado se manifesta”, observou.

O discurso recebeu aparte das deputadas Teresa Leitão (PT) e Priscila Krause (DEM), que também condenaram o ocorrido. “Foi muito ruim para o nosso Estado ser exposto dessa maneira. A gente precisa preservar a dimensão da identidade coletiva da mulher”, pontuou a petista. “Só haverá uma mudança cultural na questão da violência de gênero no dia em que uma mulher for fisicamente agredida e homens que não a conheçam se sintam atingidos”, acredita a democrata.

Também comentaram o caso os deputados Edilson Silva (PSOL), Odacy Amorim (PT), Isaltino Nascimento (PSB) e Rodrigo Novaes (PSD). “Esse tipo de discriminação se utiliza da força da naturalidade sobre mulheres e outras parcelas da população historicamente oprimidas”, disse Silva. “Nosso País tem cultura de, na frente da pessoa, respeitar, mas, na ausência, tratar a mulher de forma pejorativa e inadequada”, avaliou Amorim.

Nascimento sugeriu que a Alepe envie um posicionamento sobre o tema ao partido de Jatobá: “É importante que não aceitemos esse tipo de postura machista, discriminatória e desrespeitosa”, disse. Novaes revelou que conhece o envolvido, que classificou como “um ser humano do bem que errou feio e merece julgamento da sociedade para que esse tipo de conduta não se repita”.