A denúncia feita pela vereadora Cristina Costa (PT) deixou claro que a farra do combustível na Câmara Municipal pode estar acima do uso indevido de veículos oficiais por familiares e amigos dos parlamentares. “Já ouvi de muitos frentistas quando vou abastecer: ‘Ô vereadora abasteça aqui o meu. (…) Vereador tal faz isso, vereador tal deixa o cartão aqui’”, relatou Costa durante a sessão da última quinta-feira (22). Assim, esse suposto desprendimento dos vereadores de Petrolina pode revelar um esquema de regalias e arregimentação de eleitores com recursos que deveriam ser usados exclusivamente quando estivessem em atividade legislativa.
É sabido por todos que o município tem uma grande extensão territorial e o valor mensal de R$ 1.500 disponível para o abastecimento dos veículos oficiais e até particulares dos vereadores deveria cobrir deslocamentos até a comunidade de Atalho, por exemplo, que fica a mais de 80 km do Centro da cidade. Mas aí pergunta-se: qual foi a última vez que um edil da Casa Plínio Amorim esteve lá? Em contrapartida, quantos gastam altos valores dessa cota abastecendo os carros para lazer ou atividades particulares? Outra pergunta que não cala: executar favores e prestar assistencialismo aos eleitores está na lista oficial de atividades de um vereador? Cabe o uso de dinheiro público ou o edil que utiliza dessa prática deveria arcar com os custos?
Se o caso relatado pelos frentistas for real, deveria motivar uma auditoria do Tribunal de Contas de Pernambuco na Câmara de Petrolina. Porém, a fórmula mágica de prestação de contas parece infalível e práticas como essa se perpetuam independente dos anos de mandato e esfera legislativa. No caso do deputado estadual Joel da Harpa (Podemos), que está sendo investigado por suspeita de improbidade, ele teve a má sorte do veículo ter sido roubado quando sua esposa saia de um aniversário no bairro de Boa Viagem. Mas quantos vão até a outros Estados nos carros alugados pelas Câmaras, usando a verba de combustível por motivos particulares e você, eleitor, paga a conta? No caso da Câmara de Petrolina é bem difícil saber. No próprio site do órgão não há informações sobre as despesas da Casa conforme é possível ver na imagem abaixo:
E se não há quem cobre a transparência com a prestação de contas dos gastos, nem a bancada de situação nem de oposição, aguarda-se apenas que as carapuças caiam nas cabeças de quem faz mal uso dos recursos oriundos das exorbitantes taxas e impostos cobrados do cidadão.