A nova operação da Polícia Federal pôs mais uma pedra no caminho do PT. O partido já dava como certo que não conseguirá lançar Lula à Presidência. Agora pode ficar também sem seu plano B: o ex-ministro Jaques Wagner.

O petista foi acusado de receber R$ 82 milhões das empreiteiras Odebrecht e OAS. O dinheiro teria sido desviado das obras da Fonte Nova. Pelas contas da PF, o superfaturamento no estádio da Copa chegou a R$ 450 milhões.

Ontem a polícia amanheceu no apartamento de Wagner, numa torre com vista para a Baía de Todos os Santos e a Ilha de Itaparica. Apreendeu papéis, computador e 15 relógios de luxo. Não é a primeira vez que o ex-governador se vê em apuros pelo que ostenta no pulso.

Há dois anos, um lobista da Odebrecht contou ter presenteado Wagner com um relógio avaliado em US$ 20 mil. O petista reconheceu o mimo e se saiu com uma das piores desculpas da Lava-Jato. “Guardei e nunca usei, porque eu uso outro tipo de relógio”, esnobou.

Agora os investigadores também apuram outros tipos de regalo. Segundo a delegada Luciana Matutino, Wagner usou a casa da mãe, no Rio, para receber R$ 500 mil em espécie. O ex-ministro é carioca e estudou Engenharia na PUC. Radicou-se na Bahia para fugir da repressão na ditadura militar.

Em 2006, derrotou o carlismo e se elegeu governador. Depois conquistou o segundo mandato e fez o sucessor. Seus aliados o veem como um coringa. Polivalente, ele comandou quatro ministérios diferentes nos governos Lula e Dilma.

Depois do impeachment, Wagner admitiu que o PT “se lambuzou” no lamaçal das empreiteiras. Ele já tinha sido citado em delações, mas o partido preferia ignorar seus problemas. Agora terá que avaliar suas chances de sobreviver politicamente até outubro.

A operação de ontem foi batizada de Cartão Vermelho, em referência à corrupção nos estádios da Copa. É possível que Wagner ainda não tenha sido expulso do jogo, mas o campeonato ficou mais difícil para ele.

O Globo